Em um pregão morno e de liquidez reduzida, o índice Bovespa rodou nesta terça-feira, 26, na casa dos 97 mil pontos e fechou em território positivo, com uma leve aceleração dos ganhos na reta final dos negócios na esteira de uma reação pontual e limitada das bolsas americanas. Segundo analistas, investidores aproveitaram o ambiente externo morno para apagar parte das perdas de 0,66% do Ibovespa na segunda-feira, enquanto aguardam a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara após o carnaval para obter sinais mais concretos sobre o ritmo de tramitação da proposta de reforma da Previdência.
Com mínima de 97.235,48 pontos e máxima de 97.903,97 pontos, o Ibovespa fechou aos 97.602,50 pontos, em alta de 0,37%, com giro baixo (R$ 11,3 bilhões). O destaque positivo foi o setor financeiro, especialmente para as ações PN do Bradesco, com alta de 1,79%. Ainda entre as blue chips, as ações da Petrobras - que tombaram na segunda com a queda do petróleo - alteraram altas e baixas, encerrando o pregão com direções distintas (as PN recuaram 0,45%, enquanto as ON avançaram 0,03%). Segundo as Prévias Broadcast, a Petrobras, que divulga balanço amanhã, deve apresentar um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 7,8 bilhões no quarto trimestre de 2018, revertendo prejuízo de R$ 5,48 bilhões reportado em igual trimestre de 2017
Segundo Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, o Ibovespa deve seguir oscilando na faixa entre 96 mil e 98 mil pontos até que surjam sinais mais claros de como será o andamento da reforma da reforma no Congresso. "A Previdência segue como o principal 'trigger' para o Ibovespa. Há dúvida se Bolsonaro vai conseguir apoio político e o qual será a desidratação da proposta na Câmara", afirma Passos, acrescentando que o mercado já trabalha em ritmo mais lento antes do carnaval.
Considerado o esteio da reforma da Previdência na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu sinais nesta terça, em evento em São Paulo, que o governo precisa melhorar tanto a articulação política na Câmara quanto a comunicação da PEC à opinião pública, sobretudo nas redes sociais, canal de troca de informação preferido pelos eleitores de Bolsonaro. Maia também defendeu que mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria rural sejam retiradas da pauta da Previdência e avaliadas separadamente.
Na ofensiva para aprovar a reforma, o secretário especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, deu entrevista a uma rede de televisão pela manhã, participou de almoço com a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) e se encontrou à tarde com parlamentares. Marinho relatou também resistência a mudanças no BPC e na aposentadoria rural, mas disse que o debate será aprofundado no Congresso e que o governo espera reverter a resistência inicial dos parlamentares. Na batalha da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro também arregaçou as mangas e se reúne ainda nesta terça com líderes de partidos da base aliada na Câmara para falar sobre a reforma.
Segundo um experiente operador, já é dado como certo no mercado que a reforma da Previdência não sairá da Câmara do jeito que chegou. "Mas o mercado ainda vai esperar o início da tramitação para ajustar as posições", disse.