O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou, nesta terça-feira, 26, que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), é refém do discurso de campanha no qual pregou mudanças rápidas no País. Segundo ele, a sociedade tinha essa "expectativa de um novo País, mas as mudanças não são tão rápidas numa democracia, o que é bom", ponderou.
Maia disse que a política precisa entender a forma com que o presidente Bolsonaro quer fazer e dialogar com o parlamento em um contexto de necessária aprovação da PEC da Nova Previdência. "Não tem velha e nova política, tem a política. O problema é a governabilidade da Casa em conjunto, a reforma da Previdência vai ter um peso positivo para o governo em 2022 e os deputados querem compreender como isso será dividido".
O presidente da Câmara evitou comentar quantos votos o governo teria hoje para aprovar a PEC da Nova Previdência, mas admitiu que o projeto hoje não passaria nem pela admissibilidade da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) sem a articulação necessária do governo. Para Maia, o governo "tem o PSL (partido de Bolsonaro) na base e não tem mais partido" algum. "Precisamos trazer uns 10, 12 partidos para a base para ter musculatura. Nós que acreditamos na reforma, vamos ajudar o governo a construir sua base."
Maia citou o apoio de 70% da população à aposentadoria rural, mas, ao ser indagado sobre as bancadas temáticas, o presidente da Câmara afirmou que a agenda da bancada do agronegócio não é a da reforma. "A agenda ideológica está nos partidos, onde está a agenda da reforma da Previdência", explicou.
O deputado disse ter um bom diálogo com a oposição e se dispôs a ajudar com esses parlamentares contrários à PEC da Nova Previdência na aprovação da proposta. Ele calculou que o projeto possa tramitar nas comissões da Casa e estar pronto para a votação em plenário entre o final de maio e o começo de junho.
Para o presidente da Câmara, também não há base para a aprovação de um projeto de autonomia do Banco Central, que está pronto e foi elaborado pelo até agora presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn. Mas, segundo ele, não há problemas em votá-lo antes mesmo da PEC da Nova Previdência, "desde que se tenha base".
Por fim, Maia disse ter convidado um grupo de deputados para ajudá-lo na elaboração de um projeto de reforma administrativa para a Câmara dos Deputados e que, se tudo der certo, em dois meses a proposta será apresentada.