Jornal Correio Braziliense

Economia

'É hora de fazer mais com menos recursos', diz Roberto Campos Neto

Ele foi indicado para a presidência da autoridade monetária pelo ministro da Economia, Paulo Guedes

O economista Roberto Campos Neto disse, durante sabatina no Senado Federal, que o atual governo entrou no poder para implementar uma ;agenda modernizadora e liberalizante;. Ele foi indicado para a presidência da autoridade monetária pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

;É hora de fazer mais com menos recursos;, ressaltou Campos Neto. ;É necessário eficiência, transparência, prestação de contas e mensuração de impacto quanto ao uso de recursos públicos;, completou. Além disso, apontou que é o Estado brasileiro precisa abrir espaço para a atividade privada, ;saindo de cena, reduzindo drasticamente sua atuação, em diversas áreas;.

As declarações foram dadas na manhã desta terça-feira (26/2) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na Casa Legislativa. O indicado para presidir o BC ressaltou que o Brasil precisa se ;reinventar;, processo que precisa ser feito no setor privado. Segundo ele, o trabalho ;excelente; realizado pela gestão Ilan Goldfajn, com a queda sustentável da taxa básica de juros, trouxe à tona imperfeições da economia.

;Custos burocráticos gerados pela excessiva intervenção estatal se diluíam em comparação às elevadas taxas de política praticadas. Agora que temos a Selic em seu mínimo histórico de 6,5% a.a. por quase um ano, temos a oportunidade de perceber melhor essas imperfeições e de propor políticas alternativas que melhorem a eficiência de nossos mercados;, declarou Campos Neto.

Também avalia que o Brasil precisa avançar nos ajustes e reformas, em particular, a da Previdência. ;É preciso agregar a sociedade em torno dessas questões, com a participação e a contribuição de todos. A estabilidade fiscal é fundamental para a redução das incertezas, o aumento da confiança e do investimento, e o consequente crescimento da economia no longo prazo;, afirmou o economista.

Autonomia do BC


Entre as prioridades para os 100 primeiros dias de mandato do governo federal, o Banco Central trabalha para a aprovação da a lei de autonomia do Banco Central. Roberto Campos Neto defendeu a medida. ;O objetivo é aprimorar o arranjo institucional de política monetária, para que ela dependa menos de pessoas e mais de regras, e para que estejamos alinhados à moderna literatura sobre o tema e aos melhores pares internacionais;, destacou.

Segundo ele, existem projetos já em discussão e apontou que o país está ;maduro; para mais esse avanço. ;A mudança, se aprovada por esse Parlamento, trará ganhos para a credibilidade da instituição e para a potência da política monetária, reduzindo o tradeoff de curto prazo entre inflação e atividade econômica e contribuindo para a queda das taxas de juros e o crescimento econômico;, argumentou.

Outra prioridade do governo é aquela que estabelece a fixação de critérios para o exercício de cargo de dirigente em instituições financeiras públicas. ;Precisamos aprimorar a governança, alinhando as exigências para os dirigentes em bancos públicos àquelas já existentes para o setor privado;, destacou.

Sabatina


O economista chegou por volta de 10h26 na sessão. A sabatina está sendo o principal fator de atenção dos agentes do mercado de ativos brasileiros. Campos Neto vai substituir o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, que foi responsável por ancorar as expectativas de inflação e juros e reduziu a taxa Selic para 6,5% ao ano, que é considerada o menor nível da história.

A aprovação de Roberto Campos Neto deve ser feita sem grandes dramas. A CAE conta com 27 senadores, sendo que a tendência é que ele tenha apoio de 20 parlamentares. O Senado também vai sabatinar Bruno Serra Fernandes e João Manoel Pinho de Mello, indicados para a diretoria do BC, além de Flávia Martins Sant;Anna Perlingeiro, que deve assumir a diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Neto do economista e ex-ministro Roberto Campos, Roberto de Oliveira Campos Neto, 49 anos, se formou em 1993 na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, onde também concluiu o mestrado na mesma instituição. Começou a carreiro no Banco Bozano Simonsen, mas a maior parte da carreira foi dedicada ao Banco Santander.