O Ibovespa encontra força para subir na manhã desta terça-feira, 26, ainda que o quadro internacional não seja dos melhores e pairam as dúvidas sobre a reforma previdenciária. O principal índice da B3 abriu em alta e logo passou a renovar máximas. A valorização acontece ao mesmo tempo em que as cotações do petróleo avançam no exterior.
Os ganhos da commodity sugerem uma correção da queda de mais de 3% na segunda-feira, após o presidente americano, Donald Trump, reclamar dos preços "muito altos" da commodity. Além disso, há a expectativa diante da possível aprovação de uma lei que permitiria que o Congresso americano processe a Opep por violações antitruste.
Entretanto, há algumas incertezas como as relacionadas ao Brexit. A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou nesta terça que, se o Parlamento britânico rejeitar seu acordo numa votação que deverá ocorrer até 12 de março, ela permitirá que os legisladores votem, nos dias seguintes, propostas para uma ruptura sem acordo com a União Europeia e para o adiamento da saída. Com isso, a libra esterlina reduziu a alta.
"Os futuros de Nova York estão caindo, bem como as bolsas europeias. Não tem espaço para a Bolsa subir. Mas o petróleo ajuda a ir na direção contrária do exterior", diz um operador de renda variável.
"Não tem nenhum rol de grandes notícias. Pode ficar no zero a zero", estima o analista Álvaro Frasson, da Necton Investimentos. Às 11h04, o Ibovespa subia 0,23%, aos 97.462,45 pontos, após fechar com queda de 0,66%, aos 97.239,90 pontos.
Enquanto monitora o exterior, o investidor ainda segue atento aos desdobramentos da reforma da Previdência, à espera de avanços do governo na articulação da proposta. Para isso, o secretário especial da Previdência e do Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, realiza nesta terça uma maratona de reuniões com parlamentares para falar sobre a reforma.
A tarefa de abocanhar votos necessários à reforma não deve ser fácil. Nesta manhã, o deputados federais Kim Kataguiri (DEM-SP) e Marcel van Hattem (Novo-RS) criticaram, durante o 20º CEO Brasil 2019 Conference, do BTG Pactual, a política de comunicação do governo para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Nova Previdência.
Kataguiri classificou como "incerta a linha de comunicação do governo", defendeu um debate mais profundo do texto enviado ao Congresso na semana passada e, novamente, a divisão do ônus da proposta entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso.
A demora do governo em conseguir os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência e dúvidas sobre o de fato será aprovado continuam causando insegurança nos investidores. "A largada está péssima. A articulação do governo está horrível. Vamos ver se terá alguma novidade após a reunião do presidente Jair Bolsonaro", completa o operador.
Nesta terça, o presidente se reunirá com líderes de partidos da base aliada na Câmara para tratar da reforma. A reforma das aposentadorias para militares é um dos pontos mais sensíveis.
Nesta manhã, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, disse que o prazo para a chegada da Previdência dos militares é até 20 de março. "O mercado brasileiro está operando muito no dia a dia de Brasília. O fato de a instalação da CCJ ficar para depois do carnaval pegou mal", acrescenta a fonte.
Na segunda, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu que a instalação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) deve acontecer somente após o carnaval.