A S afirma que o rating do Brasil pode ser elevado ao longo dos próximos dois anos, caso o avanço na política sugira uma reação mais rápida nas trajetórias fiscal e de crescimento do País do que o atualmente esperado. "Isso iria requerer proposta, aprovação e execução de iniciativas políticas sólidas", ressalta. Nesta quinta-feira, 7, a agência reafirmou o rating do País em BB-, mantendo a perspectiva estável.
Para a S, uma melhora mais acentuada na dívida líquida do governo geral e no impacto com juros provavelmente exigiria a implementação bem-sucedida de políticas fiscais estruturais corretivas e perspectivas mais fortes para o Produto Interno Bruto (PIB).
A S diz ainda, em comunicado, que o rating pode ser elevado se a dinâmica de crescimento do Brasil não mais se comparar desfavoravelmente à de seus pares com nível similar de desenvolvimento econômico. "Finalmente, nós poderíamos elevar os ratings se, diferente de nossas expectativas, o perfil externo robusto do Brasil se fortalecer mais, apesar da volatilidade global, particularmente se ele mantiver uma posição de credor externo levemente líquido nos próximos dois anos."
A agência adverte, contudo, que o rating pode ser rebaixado se ao longo do próximo ano houver fraqueza inesperada maior no balanço de pagamentos, capaz de afetar o acesso aos mercados ou gerar uma alta acentuada na dívida externa.
Outro fator negativo seria uma "deterioração significativa na credibilidade da política monetária", afirma a S, marcada por uma alta persistente na inflação ou um compromisso mais fraco com o câmbio flutuante, o que também pesaria no rating. "Por fim, podemos rebaixar os ratings se o governo adotar medidas que exacerbem as vulnerabilidades fiscais já grandes, notadamente que prejudiquem as perspectivas de um modesto declínio nos déficits do governo ou elevem rapidamente a alta na dívida", diz ela.
Reformas
A S afirma que, apesar do forte capital político de Bolsonaro, a aprovação de reformas estruturais "não está de modo algum garantida". Segundo a agência, lidar com 30 partidos na Câmara dos Deputados e 21 no Senado para conseguir coalizões efetivas suprapartidárias e aprovar "projetos controversos" será um desafio importante para o novo presidente.
"As reformas fiscais não são populares e o processo de construir uma coalizão pró-reforma pode levar tempo", aponta a S. "Desse modo, a capacidade de alavancar capital político durante os primeiros 12 a 18 meses do novo governo será crucial para aprovar e implementar políticas fiscais de correção e que permitam o crescimento."
Ela espera que a atividade econômica e a posição fiscal do País melhorem gradualmente nos próximos anos, com continuidade no ajuste fiscal e "algum progresso" na aprovação de reformas para conter o alto peso do endividamento. "Os ratings também refletem o progresso lento e o baixo apoio da classe política do país por colocar em funcionamento legislação significativa para corrigir derrapadas fiscais estruturais em um tempo adequado ao longo dos últimos vários anos", afirma o comunicado da agência.
Embora a economia dê sinais de aceleração, a S diz ver crescimento lento e fraqueza fiscal como fatores que contêm o crédito. Por outro lado, a posição externa e a credibilidade da política monetária são, na avaliação dela, forças relativas para o crédito.
No quadro atual com um novo governo, a S prevê que a perspectiva para a aprovação de reformas deve apoiar a confiança do investidor, o investimento e o crescimento.