Jornal Correio Braziliense

Economia

Após acusação de desvio de recursos, Gafisa cai 6%

A Gafisa viu seus papéis registrarem forte baixa desta quarta-feira, 6, na B3 - nova denominação da Bolsa paulista -, após a companhia, que está sob administração da gestora de recursos GWI desde setembro passado, ser acusada por uma securitizadora de desvio de recursos. O papel da construtora caiu 6,54%, a R$ 13,01. Segundo a Polo Capital Securitizadora, que comprou dívidas da Gafisa e teria o direito de receber parte dos valores pagos pelos clientes da companhia, a construtora enviou, neste mês, novos boletos de cobrança a clientes em que listava seus próprios dados bancários, em vez dos relativos à Polo Capital. O total, segundo fontes próximas ao caso, seria de R$ 1,8 milhão. Em fato relevante divulgado nesta quarta, a Polo Capital apontou "descumprimento de obrigações de gestão e cobrança dos créditos prevista nos contratos de cessão firmados entre as partes". Com a alteração dos boletos, a Polo Capital diz que "a Gafisa passou a receber indevidamente os créditos de compradores de imóveis de titularidade da securitizadora". Segundo fontes de mercado, há cerca de R$ 300 milhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) emitidos pela Gafisa. Não há detalhes sobre qual parcela foi securitizada pela Polo Capital. A Gafisa informou, por meio de nota distribuída à imprensa, que está "tomando as medidas cabíveis" em relação à acusação de ter se apropriado indevidamente de créditos de compradores de imóveis que deveriam ser usados para remunerar operação de securitização. Controle Desde que a GWI assumiu o comando da Gafisa, em setembro de 2018, a empresa realizou demissões, deixou de pagar fornecedores e passou a buscar a renegociação de contratos que considera pouco vantajosos. A gestora tem a tradição de entrar em negócios em dificuldades, como na Saraiva. Nos últimos meses, a GWI aumentou sua fatia de 37,3% para 48,7%. O apetite chamou a atenção do mercado, já que a Gafisa está no vermelho. No ano passado, o prejuízo chegou a R$ 122,5 milhões até setembro. Em 2017, a perda foi de R$ 849,8 milhões. A compra das ações contraria recomendações de analistas de BB Investimentos, Bradesco BBI, BTG Pactual, Credit Suisse e Itaú BBA, que não veem fundamentos para valorização do papel acima da média do mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.