Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta terça-feira, 29, sem direção única, em um dia marcado por expectativas dos agentes com as negociações comerciais entre autoridades americanas e chinesas. A confiança do consumidor dos Estados Unidos decepcionou os agentes, enquanto balanços corporativos também foram monitorados pelos investidores.
O índice Dow Jones chegou ao fim do dia em alta de 0,21%, cotado a 24.579,96 pontos, enquanto o S 500 caiu 0,15%, para 2.640,00 pontos. Já o índice Nasdaq recuou 0,81%, para 7.028,29 pontos.
O início da tarde foi marcado pela divulgação do índice de confiança do consumidor americano referente a janeiro. De acordo com o Conference Board, o indicador caiu de 126,6 em dezembro para 120,2 pontos este mês, no menor nível desde julho de 2017. A diretora sênior de indicadores econômicos da instituição, Lynn Franco, alertou que o índice de expectativas caiu drasticamente à medida que a volatilidade do mercado financeiro e a paralisação do governo americano "parecem ter tido impacto na confiança dos consumidores". O índice de expectativas recuou de 97,7 pontos em dezembro para 87,3 pontos agora. Logo depois da divulgação do indicador, as bolsas em Nova York não resistiram e foram às mínimas do dia, dando prosseguimento às perdas de segunda-feira.
Nas últimas semanas, o economista Charlie McElligott, do Nomura, tem batido na tecla de que o mercado pode estar pronto para uma potencial queda nos próximos dias, o que pode se dar após a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nesta quarta-feira. Outro analista que acredita em visão semelhante é o economista Russ Visch, do canadense BMO. Em nota a clientes, ele apontou que o S 500 pode voltar aos 2.346 pontos em breve. Ele observa que ontem o indicador reverteu para o lado negativo e avisa que, "dada a história de como o processo se desenrola para declínios dessa magnitude, esperamos que o S 500... possa testar novamente a baixa de 2.346 pontos vista em dezembro".
A visão negativa dos analistas se espalha, também, para o Morgan Stanley, embora com uma avaliação menos negativa quanto ao futuro das bolsas em Nova York. O estrategista-chefe de ações americanas do banco, Michael Wilson, expressou relutância quanto à continuidade do avanço das ações. "Estamos hesitantes em traçar um sinal de alta para o mercado mais amplo, dado que a quantidade de balanços acima do esperado foi substancialmente reduzida e as áreas do mercado que viram os maiores ralis também foram aquelas onde a valuation estava em níveis extremos", afirmou em nota a clientes divulgada na segunda-feira.
É o caso das techs. Na noite desta terça-feira, serão divulgados os números da Apple (-1,04%) referentes ao trimestre encerrado em dezembro. A empresa, contudo, já alertou no início deste mês que seus resultados serão afetados negativamente pela tensões comerciais e pela desaceleração da economia chinesa. Nesta quarta-feira, o vice-premiê chinês, Liu He, se reúne com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e com o representante comercial americano, Robert Lighthizer. Pela manhã, Mnuchin disse esperar ver algum progresso nas negociações e comentou que as questões envolvendo a chinesa Huawei estão "separadas" das conversas principais.
As ações industriais, mais influenciadas pelas relações comerciais entre as duas maiores economias do globo, apresentaram alta consistente: o papel da Boeing subiu 0,53%, o da Caterpillar avançou 1,74% e o da 3M teve ganho de 1,94%, também apoiado pelo balanço da companhia, que superou as projeções de lucro e receita no quarto trimestre do ano passado.