Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar cai para menor valor em 11 dias com exterior e ingresso de recursos

O real foi a moeda que mais se valorizou nesta terça-feira, 29, ante o dólar entre as principais divisas mundiais, tanto de países desenvolvidos como emergentes. O apetite por risco melhorou no mercado financeiro internacional e ajudou a enfraquecer a moeda americana, que caiu influenciada pela alta do petróleo e o recuo acima do previsto na confiança do consumidor norte-americano. Os investidores aguardam o final da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), nesta quarta-feira e, no mercado local, a volta ao trabalho do Congresso, na sexta-feira. O dólar à vista fechou em queda de 1,28%, a R$ 3,7194, o menor valor em 11 sessões. Profissionais das mesas de câmbio observaram ingresso de recursos externos, com estrangeiros buscando ações baratas na B3, sobretudo o papel da Vale, que caiu 24% na segunda-feira. Notícias de empresas que planejam captações externas e de que o governo quer mesmo privatizar muitas estatais repercutiram positivamente nas mesas de operação, segundo operadores. O secretário-geral de Privatizações do Ministério da Economia, Salim Mattar, disse que a venda de todas as estatais e suas subsidiárias pode render até US$ 30 bilhões, ou seja, mais do que o sinalizado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Nas captações, a Suzano anunciou uma reabertura de um bônus, a Eldorado Celulose planeja emitir US$ 500 milhões e comenta-se também de uma emissão externa da Latam. No ambiente político, as atenções estão voltadas agora para o fim do recesso parlamentar, com os deputados e senadores voltando ao trabalho no dia 1º, sexta-feira. O presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira, disse nesta terça que, apesar da tragédia da Vale em Minas Gerais, o "clima de otimismo com o Brasil" prossegue e a aposta é de que o novo governo fará "profundas mudanças" e vai equilibrar as contas públicas. Ao mesmo tempo, ele reforçou que a sinalização de Jair Bolsonaro de uma forma diferente de fazer política, sem mais o presidencialismo de coalização, traz incertezas sobre o apoio do Congresso às propostas do governo. Mas o tom visto em evento do Credit nesta terça com mais de 600 investidores e empresários era de otimismo com as reformas. Os estrategistas da Nomura em Nova York fizeram aposta que preveem valorização do real, com o dólar podendo cair para a casa dos R$ 3,52 a R$ 3,67 nos próximos três meses. Eles acreditam que, após a resistência vista nos últimos dias de a moeda americana cair abaixo de R$ 3,70, a divisa pode buscar nas próximas semanas um novo ponto de equilíbrio, na casa dos R$ 3,50, por conta do possível avanço da Previdência, da possibilidade de acordo comercial entre China e EUA e de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais 'dovish', ou seja, defendendo juros mais baixos.