Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros futuros fecham perto da estabilidade em dia de cautela

As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) negociados na B3 fecharam próximas da estabilidade nos vencimentos mais curtos e com leve alta nos mais longos, em uma segunda-feira, 28, marcada pela cautela dos investidores. Estiveram no centro das atenções os desdobramentos do desastre envolvendo a barragem da Vale em Brumadinho (MG) e a cirurgia de reconstrução intestinal do presidente Jair Bolsonaro. A expressiva queda das ações da Vale e a alta do dólar ao longo do dia favoreceram um ajuste de alta nas taxas pela manhã, que foi gradativamente neutralizado à tarde. Ao final da sessão estendida de negócios, contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 projetou taxa de 6,48%, ante 6,46% do ajuste de quinta-feira. O DI para janeiro de 2021 fechou com taxa de 7,22%, ante 7,20% do ajuste anterior. O vencimento de janeiro de 2023 terminou em 8,39%, ante 8,36%. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2025 ficou com taxa de 8,93%, ante 8,87%. "Foi um dia de poucas oscilações e de cautela com questões que não estavam relacionadas a fundamentos. O rompimento da barragem da Vale afeta a imagem institucional do País, a percepção de risco e o lado econômico. É algo que, no mínimo, inspira cautela", disse Vítor Carvalho, sócio da Laic-HFM Gestão de Recursos. Um dos destaques da tarde foram os dados da dívida pública divulgados pelo Tesouro Nacional, no âmbito do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2019. O subsecretário de Dívida Pública do Tesouro, José Franco, disse que a composição da dívida está mudando, com o aumento da participação de títulos corrigidos pela Selic, por conta da situação fiscal do país. Enquanto títulos prefixados e corrigidos por índice de preços tiveram resgates líquidos em 2018, os papéis atrelados à Selic tiveram emissão líquida. Nos cenários traçados pelo Tesouro, a participação de títulos atrelados à taxa Selic em 2019 devem representar o dobro da fatia desses papéis em 2014, quando atingiram o menor patamar da história. Naquele ano o porcentual de títulos remunerados pela taxa flutuantes chegou a 18,7%. Para 2019, a previsão é de um piso de 38% e um teto de 42% para esses papéis. Ainda segundo o Tesouro, a participação dos títulos flutuantes pode chegar a 50% em 2022. Apesar de os títulos atrelados à Selic serem mais voláteis e proverem menor previsibilidade para a atuação do governo, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, ressaltou que a taxa básica está no menor patamar histórico e a inflação está comportada. "Começamos o ano em situação melhor do que se esperava. Isso nos dá um certo conforto em relação ao custo médio da dívida pública, que está no mínimo histórico", afirmou.