O presidente da República, Jair Bolsonaro, desembarca na cidade de Zurique na tarde desta segunda-feira, 21, (14h30 no horário europeu, 11h30 no de Brasília), iniciando o que será seu "batismo internacional". O brasileiro será levado da cidade suíça até a estação de esqui de Davos, onde faz seu primeiro discurso para líderes empresariais e chefes de Estado na terça-feira (22/1).
Seu desembarque é acompanhado de perto, tanto pela imprensa internacional quanto por investidores.
No fim de semana, protestos por parte de sindicatos suíços e ativistas em Lausanne e Berna levavam cartazes com a foto de Bolsonaro e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Nelas, um recado: "not welcome" ("Não são bem-vindos").
Nos últimos dias, os principais jornais suíços destacaram a presença de Bolsonaro como uma das mais relevantes do Fórum Econômico Mundial, que começa na noite de segunda. Crises domésticas nos EUA, França e Reino Unido acabaram afastando alguns dos principais líderes que, de última hora, cancelaram suas viagens para Davos.
Como resultado, o palco foi deixado para o brasileiro, que promete fazer um discurso moderado para tentar desfazer sua imagem de "extremista".
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que sua mensagem seria de liderar um "governo constitucional". "O caminho, desde a proposta do plano de governo, é estado de direito. Rigorosamente dentro do que a Constituição prevê. O governo que tem uma relação franca e transparente com o Congresso nacional, que respeita a repartição de poderes", disse.
Mas, avaliando pelo tom da cobertura internacional, Bolsonaro terá um amplo trabalho para transformar sua imagem no exterior. Numa matéria publicada no final da semana passada, o jornal suíço Le Temps questiona se Bolsonaro estaria "no mesmo trilho de Pinochet".
Assinado pelo conceituado economista Charles Wyplosz, o texto faz um paralelo à mão dura do chileno e a simpatia do brasileiro pelos militares. Mas aponta um elemento em comum: o uso de economistas formados em Chicago para liderar uma reforma. No caso, o "garoto de Chicago" é Paulo Guedes, ministro da Economia
Diversas outras publicações chamam a atenção para o fato de que a primeira viagem ocorre sob a sombra de dúvidas sobre a origem do dinheiro de seu filho, Flávio Bolsonaro, além do confronto entre Gisele Bundchen e o governo por conta da Amazônia.
Em Davos, Bolsonaro chega com cinco ministros, sendo Sérgio Moro, da Justiça, o mais esperado. O Fórum tem reforçado a ideia de que quer uma "moralização da globalização". Há dois anos, quem chamava a atenção em Davos era o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Entre os investidores, o tom é diferente. Os organizadores de Davos apontam que empresários e atores do sistema financeiro internacional vão usar a viagem de Bolsonaro para obter detalhes do que serão suas reformas.