Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar recua ajudado por exterior e sinais de andamento da reforma da Previdência

O dólar segue em queda frente o real, alinhado ao sinal negativo moderado da divisa dos Estados Unidos em relação a seus pares principais e algumas divisas de países emergentes exportadores de commodities. O apetite por ativos de risco persiste até o momento e se ampara em expectativas de que os Estados Unidos e a China tenham avançado nas discussões comerciais dos últimos dias em Pequim e após o presidente Donald Trump não ter declarado "emergência nacional" para resolver o impasse no Congresso sobre a construção de um muro na fronteira com o México, como se temia. Um comunicado sino-americano sobre o comércio é esperado para breve. Além disso, a informação de que a China planeja ampliar investimentos em infraestrutura e no setor agrícola favorece o real - uma vez que o Brasil é exportador de commodities e a China, o seu maior comprador. Internamente, operadores de câmbio já identificam novas vendas de dólares por parte de exportadores no mercado à vista, na esteira dos sinais de avanço na proposta de reforma da Previdência. Alguns agentes locais já podem também estar se antecipando na venda da moeda diante da possibilidade de retorno ao País de investidores estrangeiros, que fizeram retiradas de recursos sazonais de fim de ano mas costumam voltar ao mercado local no início de ano. Na noite de terça-feira, 8, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que a medida provisória antifraudes em benefícios previdenciários e assistenciais será enviada nesta Quarta-feira (9) para o presidente Jair Bolsonaro. Guedes voltou a dizer que o efeito fiscal da medida deve ficar entre R$ 17 bilhões e R$ 20 bilhões por ano - inclusive 2019. Ele e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, confirmaram também que a proposta de reforma da Previdência deve ser enviada ao Congresso - junto com a criação de um novo modelo de capitalização - em fevereiro. Contudo, a vice-presidente-executiva e chefe global de crédito soberano para mercados emergentes da Pimco em Londres, Lupin Rahman, avalia que, com a aprovação da reforma da Previdência já precificada, há agora um risco de ajuste, que pode ocorrer a qualquer momento. Na terça, os sinais de que as discussões sobre a Previdência estão avançando impulsionaram o Índice Bovespa para seu maior nível de fechamento em pontos na história (92.031,86 pontos), enquanto o dólar à vista encerrou cotado a R$ 3,7174, em queda de 0,47%. Para Rahman, "os investidores domésticos estão em um movimento no Brasil muito bullish, enquanto os estrangeiros estão um pouco mais... eles não estão bearish, mas estão vendo tudo o mais que está acontecendo no globo". Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, ela diz que "os locais estão muito, muito bullish e acredito que possa haver uma correção, o que é negativo para os preços dos ativos". No mercado de câmbio à vista às 9h32 desta quarta, o dólar caía 0,22%, a R$ 3,7093. O dólar futuro para fevereiro recuava 0,12%, a R$ 3,7135.