O Ibovespa encerrou a primeira semana de 2019 com alta acumulada de 4,5%, chegando a tocar nos 92.701,36 mil pontos na máxima intraday numa mostra de que os investidores estão otimistas com os primeiros dias do governo Jair Bolsonaro - muito embora os ruídos na comunicação entre os integrantes do governo pareçam deixar um sinal de cautela no ar.
"Há um curto-circuito envolto em uma aura de otimismo. É preciso que o governo acerte o discurso", avalia Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modal Mais. Ele lembra, porém que, o Índice Bovespa avançou pouco mais de 7 mil pontos nos últimos seis pregões e, naturalmente, há um movimento de realização de lucros.
Esses dois fatores explicariam o motivo pelo qual a Bolsa operou em alta bem mais comedida na sessão de negócios de hoje em relação ao otimismo que se viu em seus pares no exterior - antes do fim do pregão por aqui, Dow Jones subia 3,35% e Nasdaq, 4,32%.
O apetite pela tomada de risco lá fora foi impulsionado pela percepção dos agentes de que a intensidade de um arrefecimento global pode ser bem menor do que se cogitava. Sinais vindos tanto da China, com novos estímulos monetários, quanto dos Estados Unidos, com dados do payroll bem acima das estimativas (312 mil vagas criadas ante 176 mil esperadas), corroboraram para isso.
Por outro lado, o noticiário interno confuso sobre as ações do novo governo entrou no radar dos investidores, principalmente porque teve o presidente Jair Bolsonaro como protagonista. O pregão teve início com informações que não agradaram sobre a idade mínima para a aposentadoria, um ponto importante da reforma da Previdência. No meio da tarde, o presidente veio a público dizer que iria elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), sendo que, pouco depois, foi desmentido pelo secretário Especial da Receita Federal, Marcos Cintra, e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
A sessão de negócios encerrou com o Ibovespa em alta de 0,30%, aos 91.840,79 pontos, marcando máxima histórica pelo 3º pregão consecutivo. O giro financeiro seguiu forte na comparação com a média diária do mês passada, em R$ 16,7 bilhões. Mas o volume de recursos de investidores estrangeiros ainda está longe de ser significativo. De acordo com a B3, os não-residentes ingressaram com R$ 48,062 milhões no pregão da última quarta-feira (02), primeiro dia útil do ano.