A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve forte volatilidade em 2018 em meio à greve dos caminhoneiros e às eleições, mas encerrou o ano no azul pelo terceiro ano consecutivo. Analistas apostam que o pregão paulista poderá superar os 100 mil pontos no ano que vem, se as reformas prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro e por sua equipe econômica forem realizadas no ritmo esperado. Os cenários mais otimistas preveem algo entre 115 mil e 125 mil pontos ; alta de até 42% ; para o Índice Bovespa (Ibovespa), patamares convidativos para quem está pensando em entrar no mercado de ações e diversificar o investimento. Mas, se nada acontecer, as chances são de a B3 permanecer na casa dos 80 mil pontos.
Na sexta-feira passada, último pregão do ano, a B3 subiu 2,84%, fechando a 87.887 pontos, acumulando no ano uma valorização de 15,03%. O ganho foi robusto, mas ficou abaixo dos 26,9% registrados no ano anterior e do desempenho de outros investimentos, como câmbio e ouro. Conforme dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), o dólar avançou 17,56% no ano e o ouro, 16,93%.
Se o valor dos ativos da B3 for convertido para a moeda norte-americana, a Bolsa teve queda de aproximadamente 2% no ano, a 22.649 pontos, patamar bem inferior ao pico de 26.851 de janeiro deste ano. Em 2017, utilizando o mesmo critério de medida, os papéis tinham registrado alta de 24,9%.
;Em 2018, houve muita incerteza na Bolsa por causa das eleições. Após o resultado das urnas, o Ibovespa chegou a romper a barreira de 90 mil pontos, que acabou não se sustentando. Nossa expectativa para 2019 é que o desempenho seja melhor;, avalia o economista Júlio César Barros, da Mongeral Aegon. Para ele, 80 mil pontos será o piso do Ibovespa no próximo ano, em um cenário pessimista. ;Caso o novo governo consiga realizar as reformas estruturais, principalmente a da Previdência, é possível que a Bolsa supere os 100 mil pontos;, aposta.
Estrangeiros
De acordo com Barros, se comparado com outros países emergentes, o desempenho do Ibovespa ficou próximo da média, de 15% de ganhos em moeda local, em uma lista de nove países, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, Índia e México. Ele afirma que, nesse contexto, a expectativa é de que os estrangeiros tenham maior apetite pela bolsa brasileira no ano que vem.;O desempenho da B3 em 2018 foi melhor do que o de muitos países, incluindo desenvolvidos, e isso poderá atrair os estrangeiros no próximo ano, principalmente se as expectativas de reformas se concretizarem;, explica Alexandre Espírito Santo, economista da Órama. Ele lembra que este foi o terceiro ano consecutivo de alta da B3, enquanto várias bolsas, como a de Nova York, fecharam o ano no vermelho. ;Não foi o melhor desempenho, mas esse saldo positivo, em grande parte, se deve às perspectivas positivas em relação ao novo governo na área da economia. O mercado está esperançoso sobre o que vai vir a partir desta semana;, completa.
Alexandre Espírito Santo acredita que, se as reformas avançarem, será possível que o Ibovespa feche o ano que vem entre 110 mil e 115 mil pontos. ;Não acredito que o cenário externo atrapalhe, porque não tenho a convicção de que virá uma nova crise. Ao sinalizar que deverá realizar dois novos aumentos na taxa de juros no ano que vem, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) mostra que não faria isso se acreditasse que a economia dos EUA entraria em recessão, como alguns acreditam. Os indicadores não mostran isso;, diz.
* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo