Marília Sena*
postado em 27/12/2018 06:00
Apesar da baixa inflacionária registrada nos últimos meses, o preço de alguns alimentos nos supermercados ainda assusta os consumidores. O tomate, a cebola, a batata-inglesa e as carnes registraram alta no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de dezembro. A cozinheira Edineia de Souza conta que, desde o mês passado, precisa economizar nas compras de casa. Com o quilo do tomate custando entre R$ 6,49 e R$ 9,90, ela afirma que é preciso reduzir o consumo de alguns alimentos. ;Além do tomate, diminuí as compras de alimentos, como a carne;, disse.
Edineia também usa outras táticas para economizar. Segundo ela, com os preços dos alimentos em alta, é preciso fazer pesquisas em vários supermercados antes de comprar. Outro problema é a qualidade dos produtos, que, de acordo com Edineia, deixa a desejar em muitos casos. ;Tenho de vir ao supermercado com tempo, porque preciso ficar escolhendo os legumes. A qualidade está péssima;, reclamou.
Em dezembro, o IPCA-15 registrou queda de 0,16%. Foi a menor taxa para dezembro desde a implantação do Plano Real, em 1994. O grupo Alimentação e Bebidas mostrou desaceleração: em novembro, o grupo teve alta de 0,54% e, em dezembro, de 0,35%. O tomate, que apresentou elevação de 50,76% em novembro, registrou aumento de 8,76% neste mês. A batata-inglesa subiu 17,97% em novembro e mais 17,80% em dezembro. A cebola ficou 10,01% mais cara no mês passado e, neste, aumentou outros 34,16%.
Segundo o presidente do Fecomércio DF, Adelmir Santana, a alta desses alimentos é normal nesta época. ;Isso está ligado a uma questão sazonal. São produtos perecíveis, que sofrem perdas com frequência;, explicou. De acordo com Santana, é necessário que a população tenha consciência do vaivém nos valores desses alimentos.
Hábito
Para ele, os brasileiros precisam adquirir o hábito de substituir o consumo de alguns produtos em determinadas épocas. ;Os preços aumentam em razão da produção. A população precisa ter consciência de que isso faz parte da economia de mercado e se organizar para não perder poder de compra;, afirnmou. Santana ponderou que, embora afete o orçamento de algumas famílias, as elevações específicas de preços, devido à rotatividade, não geram impacto na inflação. ;Esse cenário pode mudar rapidamente. Todos os anos, sempre aparecem alguns vilões do mercado, é comum.;A nutricionista Alana Souza julga que, em geral, o preço dos alimentos está muito alto. Ela avalia que, desde julho, adota algumas medidas para economizar nas compras. ;Tenho de ficar procurando os lugares mais baratos, mas, neste momento, está inviável por conta das festas de fim de ano;, disse. Alana contou que, em algumas situações, foi preciso diminuir o consumo da carne e procurar marcas mais baratas. ;Algumas vezes eu preciso alternar o consumo da carne com o do frango.;
Independente da alta seguida de alguns produtos, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou, em nota, que o setor registrou crescimento de 1,97% nas vendas no período de janeiro a novembro. Só no mês passado, as vendas aumentaram 5,36% em comparação a outubro. De acordo com o presidente da Abras, João Sanzovo Neto, ;o crescimento das vendas se deve à sazonalidade das festas de fim de ano e à Black Friday;.
Pesando no bolso
Apesar da queda de 0,16% registrada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), produtos como tomate, cebola, batata-inglesa e carnes registraram fortes aumento em dezembroNovembro | Dezembro
Índice Geral: 0,19% | -0,16%
Alimentação e Bebidas: 0,54% | 0,35%
Tomate: 50,76% | 8,37%
Cebola: 10,01% | 34,16%
Batata-inglesa: 17,97% | 17,80%
Carnes: ; | 0,92%
Fonte: IBGE
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo