Jornal Correio Braziliense

Economia

Ibovespa cai 0,47% em dia de perdas em NY e desvalorização do petróleo

O mercado brasileiro de ações ensaiou uma recuperação das perdas recentes nesta quinta-feira, 20, mas esbarrou no mau humor das bolsas de Nova York e principalmente na forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O temor de desaceleração da economia global e a frustração com as sinalizações dadas na véspera pelo Federal Reserve continuaram a ecoar nos mercados, o que intensificou a aversão a ativos de risco. Com isso, o Índice Bovespa, que mais cedo chegou a subir mais de 1%, fechou em baixa de 0,47%, aos 84.269,29 pontos. As diversas incertezas do cenário internacional acertaram em cheio as ações de empresas ligadas a commodities. O petróleo definiu tendência de baixa ainda pela manhã, em meio às preocupações com a política monetária dos Estados Unidos e o temor de que a produção da commodity esteja acima do esperado. Os futuros de petróleo em Londres e Nova York ampliaram as perdas no final da tarde, com quedas em torno de 5%. Assim, levaram Petrobras ON e PN a fecharem com perdas de 2,42% e 3,42%, nesta ordem. A alta dos preços do minério de ferro não evitou a instabilidade nas ações da Vale, que alternaram sinais ao longo do dia e terminaram o dia com baixa de 0,40%. Diante do forte movimento de busca por proteção no ambiente externo, analistas consideraram o desempenho do Ibovespa de certa forma positivo, por mostrar um relativo descolamento dos ativos. Apesar do noticiário doméstico bastante escasso, com as perspectivas voltadas para o período após a posse do novo governo, uma das justificativas para a resiliência do Ibovespa pode estar na manutenção da aposta em uma mudança da dinâmica política e econômica brasileira. "Com as quedas expressivas em Nova York, podemos considerar que o Ibovespa esteve no lucro. A queda era inevitável, considerando que 60% do nosso mercado é formado por investidores estrangeiros. O fato é que o mercado mantém a aposta positiva para o ano que vem, com avanço em reformas e manutenção dos juros baixos", disse Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura. Com o resultado desta quinta, o Ibovespa passa a contabilizar queda de 2,49% no acumulado da semana e de 4,73% no mês. No entanto, a alta nominal de 11,61% em 2018 coloca a bolsa brasileira entre as que mais subiram no ano. Na avaliação de Gabriel Francisco, analista da XP Investimentos, a combinação entre juro baixo e avanços nas reformas estruturais pode colocar o Brasil em situação de destaque ante outros emergentes.