Assim como ocorreu no comunicado e na ata do último Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) registrou nesta quinta-feira, 20, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o rebalanceamento dos riscos em seu cenário básico de inflação. O colegiado citou um risco maior ligado à ociosidade da economia (risco desinflacionário) e um risco menor relacionado ao andamento das reformas (inflacionário).
No RTI, o BC reiterou que permanecem fatores de risco em ambas as direções - ou seja, na direção de baixa e de alta da inflação. Além disso, a instituição voltou a citar três fatores de risco principais.
Em primeiro lugar, está o risco de que a ociosidade elevada produza "trajetória prospectiva (de inflação) abaixo do esperado". Para o BC, houve elevação deste risco.
Em segundo lugar, conforme o BC, "uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". Neste caso, a visão é de que houve arrefecimento do risco.
Em terceiro lugar, o BC reafirmou que o risco ligado às reformas se intensifica "no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes".
No documento, a instituição também pontuou que os dois últimos riscos - ligados às reformas e ao exterior - têm maior peso no balanço. Assim, a instituição seguiu vendo uma "assimetria" entre os diferentes riscos (o desinflacionário e os inflacionários).
O Banco Central ainda repetiu no RTI uma ideia contida em suas comunicações recentes: a de que os próximos passos da política monetária "continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".
Ao mesmo tempo, a instituição voltou a pontuar que a evolução de seu cenário básico e do balanço de riscos "prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente".
Cenário externo
O Banco Central reforçou por meio do RTI a ideia de que o cenário externo "permanece desafiador para economias emergentes". "Os principais riscos estão associados ao aumento da aversão ao risco nos mercados internacionais, à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global", pontuou o BC.
Cautela
O Banco Central reafirmou nesta quinta-feira que as decisões pautadas pelos princípios da cautela, da serenidade e da perseverança "constituem bom guia para a política monetária.
Conforme o BC, "cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas".
Essas ideias, registradas no RTI, já haviam aparecido nos documentos anteriores do Copom: o comunicado e a ata da última reunião.