A decisão de política monetária do Federal Reserve trouxe frustração aos mercados de ações e impôs perdas significativas ao Índice Bovespa na última hora de negociação nesta quarta-feira, 19. O indicador, que na espera pelo Fed chegou a subir 1,72%, cedeu à instabilidade das bolsas de Nova York e fechou com queda de 1,08%, aos 85.673,52, na mínima do dia.
A expectativa era de que o BC americano apontasse para interrupção do processo de elevação de juros em 2019. Mas ao reduzir a projeção de três para duas altas de juros no ano que vem, a sinalização do Fed foi considerada uma "dovish hike", ou seja: ainda dovish, mas com manutenção do gradualismo no aperto monetário. Após a divulgação do comunicado, os juros dos Treasuries atingiram as máximas no dia, o dólar diminuiu a perda em relação a outras moedas fortes e os índices das bolsas de Nova York migraram para o terreno negativo.
"O mercado esperava um Fed mais dovish (suave) do que ele veio. Esperava que se retirasse do comunicado a menção a 'alta gradual', o que não aconteceu. Apesar da redução da projeção de elevações dos juros ao longo de 2019 de três para duas, pouca coisa mudou na redação do comunicado", disse Felipe Silveira, analista da Coinvalores.
Silveira afirma que um Fed mais dovish poderia ser um fator de pressão a menos entre as variáveis do cenário internacional que interferem no fluxo de recursos para os emergentes, por conta dos movimentos de "flight to quality". Em um cenário de dúvidas quanto ao Brexit, à questão fiscal na Itália e à tensão comercial entre Estados Unidos e China, diz, uma interrupção nas elevações de juros nos Estados Unidos poderia tem impacto positivo no fluxo de recursos para a bolsa brasileira. No acumulado de 2019, o saldo dos investimentos estrangeiros na B3 está negativo em R$ 9 bilhões.
Na análise por ações, o destaque de alta foi Petrobras PN, que subiu 1,14%, alinhada às altas dos preços do petróleo e ao noticiário específico sobre a empresa, que foi extenso.
Em meio à forte expectativa em torno da reunião do Fed, os preços das ações não mostraram alteração significativa após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, de suspender a execução da prisão após condenação em segunda instância. A decisão, em tese, abre a possibilidade de libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba. Apesar da ampla repercussão da decisão, ministros do STF ouvidos pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, consideraram elevadas as chances de o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, derrubar a liminar de Mello.
Com o resultado desta quarta, o Ibovespa passa a contabilizar queda de 2,03% no acumulado da semana e de 4,28% em dezembro.