O futuro secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa, informou que a equipe de transição traçou estimativas de crescimento e, se as iniciativas da agenda liberal do novo governo forem concretizadas, o Brasil poderá ter um crescimento anual de 5% no prazo de cinco anos. O economista participou ontem do seminário Correio Debate: A importância da indústria para o desenvolvimento do Brasil, realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
;Temos condições de crescer 5% ao ano ou mais;, garantiu. ;Não é um número estratosférico. Se conseguirmos passar de 23% para 30% (a produtividade), em cinco anos, vamos crescer isso. Temos um país que, se fizermos um bom trabalho, podemos gerar mais empregos, ser mais produtivo e competitivo, para nós, mas principalmente para as próximas gerações que virão;, acrescentou.
Durante o evento, Costa defendeu que a economia brasileira precisa ter menos imposto sobre produção e emprego para o país ser mais competitivo. Ao ressaltar que o Brasil perdeu produtividade nos últimos anos, ele lembrou que, em 1980, a capacidade produtiva do país era de 40% da economia dos Estados Unidos (EUA) e, atualmente, essa taxa está em 23%. Na avaliação do futuro secretário, há uma ;falência; do atual modelo de estímulos, e o próximo governo terá o papel de tirar o país do atraso. Para ele, o crescimento da economia será guiado pelo aumento da produtividade.
Na opinião do futuro secretário, um governo menor e mais eficiente, que resolva os problemas fiscais, é a condição mais urgente. Ele indicou eventual revisão nos impostos sobre a produção, uma das bandeiras do presidente eleito, Jair Bolsonaro. ;A indústria tem 21,5% do PIB (Produto Interno Bruto) e 31,8% da carga tributária. É um peso para produção que nós enxergamos como algo que talvez precise ser revisto;, disse. Costa ainda adiantou que o Ministério da Economia vai incorporar a secretaria de Políticas Públicas para Emprego, que terá um foco em capacitação.
Segundo o futuro secretário, a nova administração pretende rever as políticas atualmente implementadas de geração de emprego, incluindo a do Sistema Nacional de Emprego (Sine), ferramenta usada para ajudar o trabalhador a encontrar vagas no mercado.
Para especialistas, no entanto, uma taxa de crescimento do PIB de 5% ao ano é possível ser alcançada em um ano, mas mantê-la por um período mais longo é algo mais complicado. Uma expansão nesse ritmo, de forma mais sustentável, dependerá do sucesso da agenda reformista e de medidas para estimular o investimento. ;Existe um excesso de ociosidade na indústria que permite um crescimento entre 3% e 4% ao ano, mas garantir uma expansão acima do potencial do PIB, que atualmente está entre 1,5% e 2%, de forma sustentada, é algo que poderá ser alcançado daqui a 10 ou 15 anos;, avaliou Braulio Borges, economista da LCA Consultores.
;É possível atingir esse patamar de crescimento, mas não no atual governo. Há muita coisa para fazer, como as reformas, abrir a economia e criar condições para dar um salto no investimento em infraestrutura para viabilizar essa expansão;, completou. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, reforçou que esse crescimento de 5% daqui a cinco anos de forma sustentada dependerá do aumento da produtividade, assim como dos investimentos em infraestrutura e da continuidade da pauta microeconômica, iniciada com o governo Michel Temer.