O mercado de juros começou a semana em marcha lenta com as taxas futuras rondando a estabilidade durante a maior parte da sessão desta segunda-feira, 17, que teve liquidez reduzida. A partir do fim da sessão regular, se firmaram em baixa, em especial no chamado miolo da curva, renovando mínimas em meio à aceleração da queda do dólar ante o real e declarações do futuro ministro da Economia Paulo Guedes reforçando a pauta liberal do novo governo. A menor disposição para a montagem de posições pode ser atribuída ao compasso de espera pela forte agenda da semana, que tem como destaques a ata do Copom nesta terça-feira, a decisão de política monetária nos Estados Unidos na quarta-feira e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) na quinta. Já a agenda do dia, com IBC-Br e pesquisa Focus, ficou em segundo plano.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou com taxa de 6,590%, de 6,591% no ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2021 terminou com taxa de 7,45% (mínima), de 7,502% no último ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 caiu de 8,812% para 8,78% e a do DI para janeiro de 2025 ficou estável, em 9,45%, de 9,452%.
Breno Martins, economista da Mongeral Aegon Investimentos, lembrou que a segunda-feira foi positiva para as moedas emergentes, mas uma oscilação maior dos juros ficou para o final da sessão. "Temos o dólar e os juros com queda à tarde pelo mesmo motivo: as declarações de Paulo Guedes", disse. A moeda americana voltou a fechar abaixo dos R$ 3,90.
As afirmações de Guedes não chegam a ser novidade, mas, de todo modo soam como música para os ouvidos do mercado, alimentando a confiança de que o novo governo vai conseguir apoio para colocar as contas em ordem. Em palestra durante almoço com empresários na Firjan, Guedes afirmou que Estados e municípios devem ajudar nas reformas do Estado e também que, no ano que vem, vão ter dinheiro com o leilão de áreas de pré-sal excedentes da cessão onerosa. Para que o leilão aconteça, no entanto, espera contar com a ajuda das bancadas regionais no Congresso. "Vai ter dinheiro para todo mundo no ano que vem com cessão onerosa, se Estados e municípios me ajudarem", disse.
O apoio dos governos regionais é tido como importante para a tramitação das reformas, sobretudo a mais urgente, a da Previdência, que, por sua vez, é fundamental para o ajuste fiscal. Em contrapartida, em boa medida, os governadores têm condicionado o apoio às reformas à partilha do bônus da cessão onerosa, que pode render R$ 100 bilhões aos cofres públicos.
Sobre a Previdência, ele voltou a defender o sistema de capitalização, mas admitiu que já não é possível fazer uma transição que inclua todos os trabalhadores. Por isso, a saída é reformar o atual sistema de repartição, "geneticamente condenado", deixando o sistema de capitalização para gerações futuras. Guedes não fez menção à atual proposta de reforma da Previdência que está no Congresso.