Após dois dias de queda, o dólar voltou a subir e terminou a quinta-feira (13/12), em R$ 3,8840, com alta de 0,67%. Em dia de menor volume de negócios aqui, o câmbio foi influenciado pelos movimentos no mercado externo, com o dólar ganhando força entre moedas de emergentes, como o peso mexicano, argentino e o rand da África do Sul e moedas de países desenvolvidos, sobretudo o euro, após o Banco Central Europeu (BCE) reduzir previsões de crescimento para a zona do euro. Também contribuiu para a valorização da moeda americana a tendência de redução do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, após o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar na quarta-feira que não planeja subir a Selic tão cedo.
Com os juros dos Estados Unidos subindo este mês e seguindo em alta ao longo de 2019, o diferencial com o Brasil se estreita, o que tira a atratividade do País para o investidor internacional. O Citi não prevê elevação dos juros brasileiros em 2019 e avalia que, após a reunião de quarta do Copom, analistas vão seguir reduzindo suas estimativas de alta da Selic. O Santander só prevê alta na segunda metade de 2020. Ao mesmo tempo, bancos como o Deutsche Bank e o Morgan Stanley preveem três elevações de juros pelo Federal Reserve em 2019.
Além da redução do diferencial de juros, também pesou no câmbio a continuidade de remessas de recursos para o exterior. Os estrategistas do JPMorgan observam que empresas seguiram enviando capital para fora em nível consistente ao visto nos primeiros dias do mês. Dados do Banco Central mostram que somente até o dia 7 houve saída de US$ 2 bilhões pelo canal financeiro.
Os estrangeiros reduziram a posição comprada em dólar no mercado futuro em cerca de US$ 800 milhões na quarta, dia em que o dólar caiu 1,42%, segundo dados da B3. Mas nesta quinta, operadores ressaltam que essas posições voltaram a subir. O estoque atual em posições compradas está em US$ 40 bilhões, nível semelhante ao de momentos de maior cautela antes das eleições.
Um gestor de um fundo multimercado relata que a queda do dólar na quarta para a casa dos R$ 3,85 atraiu compradores nesta quinta de manhã para a moeda, já que prevalece a visão nas mesas de câmbio de que a tendência de curto prazo é de alta. O Société Générale prevê o dólar começando o ano na casa dos R$ 3,90, com tendência a chegar ao nível de R$ 4,05 em meados do ano.