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O dólar à vista engatou a terceira alta consecutiva nesta quinta-feira, 6, pressionado pela saída de recursos estrangeiros do País em um dia cheio de notícias desfavoráveis. Com o Banco Central fora do mercado de câmbio na quarta-feira e novamente nesta quinta, e a liquidez dando sinais de ainda estar baixa, as mesas de operação pressionaram ainda mais o dólar na expectativa de que o BC volte a injetar mais recursos. Com isso, a moeda chegou a bater em R$ 3,94, mas no final da tarde a valorização perdeu fôlego, influenciada pelo discurso do presidente da regional de Atlanta do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Raphael Bostic, que afirmou que os juros nos Estados Unidos estão "muito perto" da taxa neutra, aquela que não gera inflação. Mesmo assim, o dólar acabou fechando com ganho de 0,35%, a R$ 3,8806.
Os dois últimos meses do ano são historicamente períodos de saída de recursos de estrangeiros por conta da necessidade de empresas e fundos remeterem dinheiro ao exterior. As retiradas de dólar costumam ser quatro a cinco vezes maiores neste período, segundo um gestor de um fundo multimercado. Nos dois últimos meses de 2017, o fluxo financeiro ficou negativo em US$ 18 bilhões. Mas este ano operadores ressaltam que este movimento tem sido agravado por uma cenário externo mais adverso e um ambiente doméstico sem notícias positivas nos últimos dias sobre a agenda de reformas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o que tem feito estrangeiros retirarem ainda mais capital.
No mercado externo, o pano de fundo que contribuiu para um dia de aversão ao risco nesta quinta-feira e para pressionar o dólar perante às principais moedas de emergentes começou logo cedo, com a prisão de uma alta executiva chinesa do setor de tecnologia no Canadá a pedido de Donald Trump. O temor é que o fato azede de novo a relação entre as duas maiores economias do mundo e atrapalhe a trégua comercial alcançada no acordo do fim de semana em Buenos Aires. Outro fator é a incerteza sobre o corte da produção de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Um sinalização positiva para os investidores internacionais seria se a reforma da Previdência tiver "alguma aprovação" no primeiro semestre de 2019, afirma o chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, David Beker. Para ele, muitos estrangeiros "se machucaram muito com o Brasil" nos últimos anos e agora estão mais cauteloso e querem ver Bolsonaro entregar "alguma coisa de concreto".