O tom negativo domina os negócios na Bolsa paulista nesta quinta-feira, 6, e o Ibovespa abriu em queda, acompanhando o recuo dos mercados acionários na Europa e na Ásia, assim como dos índices futuros de Nova York, afirmam operadores. Uma nova onda de aversão a risco afeta os mercados após a prisão da diretora-executiva de uma importante empresa de telecomunicações chinesa no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, o que pode afetar ainda mais a relação entre Pequim e EUA. Para completar, a queda no preço do barril de petróleo também deixa os investidores na defensiva.
O destaque são as ações da Petrobras, que cediam mais de 2,00%, às 10h57. Já o Ibovespa, caía 0,88%, aos 88.253 pontos. A retração, contudo, é inferior ao declínio nas Bolsas europeias, que cediam mais de 2,00%, enquanto os índices futuros de Nova York cediam cerca de 1%. Na quarta, o Ibovespa fechou em alta de 0,47%, enquanto NY ficou fechada por conta do luto pela morte do ex-presidente norte-americano George W. Bush.
Além do declínio do petróleo e que pesa sobre os papéis da Petrobras, os investidores ainda avaliam a notícia de que o governo de Jair Bolsonaro pode alterar o plano estratégico 2019-2023 apresentado na quarta pela companhia. "Isso não pega bem. Demonstra uma certa ingerência. O governo perde a oportunidade de ficar calado", diz uma fonte.
"O retrato do dia é bem ruim, negativo, principalmente por causa do externo. As bolsas europeias e os futuros de NY têm recuos expressivos. O pano de fundo é a desaceleração da economia global. Ninguém sabe a intensidade disso. E ainda tem um agravante, que é a queda do petróleo", resume o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada.
Há incertezas sobre a redução de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Pouco antes do fechamento deste texto, o presidente da Opep, o ministro de Energia e Indústria dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Mohamed Al Mazrouei, afirmou que não há dúvida até agora de que os cortes de produção em conjunto com outros 10 aliados sob o chamado acordo Opep+ têm sido um sucesso.
Mais cedo, o ministro de Energia saudita, Khalid Al-Falih, sugeriu que uma redução de 1 milhão de barris por dia na oferta seria suficiente. Nas últimas semanas, porém, houve especulação de que o corte poderia chegar a 1,4 milhão de barris diários.
"O recuo do petróleo afeta diretamente as ações da Petrobras", afirma um operador, destacando ainda a posição desfavorável dos estrangeiros em relação à Bolsa. "Até agora, o estrangeiro não 'comprou' Bolsonaro. Vamos aguardar para ver se o gringo reage", diz.