Jornal Correio Braziliense

Economia

Otimista, CNA projeta crescimento de 2% no PIB do agronegócio de 2019

A CNA espera que o crescimento econômico seja de 3% em 2019. A entidade está mais otimista que o mercado, que aguarda expansão de 2,53% do PIB do próximo ano


A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está otimista com o futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) e espera que o setor tenha crescimento de 2% em 2019. O balanço de 2018 e as perspectivas para o próximo ano foram apresentados em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (5/12) na sede da entidade.

O presidente da CNA, João Martins, disse que ;tudo que o atual presidente eleito falou até agora vai ao encontro do que nós gostaríamos que acontecesse de fato na agropecuária brasileira;. ;O grande entrave do agronegócio é a logística. Nós somos excelentes produtores e competitivos, mas da porteira para fora é mais difícil;, disse. ;Esperamos que a logística será prioridade do próximo governo e que vai buscar uma solução o mais rápido possível;, completou.

Martins ressaltou que o Brasil precisa exportar 80% do que produz, mas necessita de investimentos em estradas, rodovias e portos para permitir o melhor desenvolvimento do setor, incluindo pequenos produtores.

Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA, o novo governo traz ;muito otimismo; para o setor. Na interpretação dele, Bolsonaro será responsável por uma agenda de redução de burocracia e reformas estruturantes, principalmente da Previdência Social e a tributária.

A CNA espera que o crescimento econômico seja de 3% em 2019. A entidade está mais otimista que o mercado, que aguarda expansão de 2,53% do Produto Interno Bruto (PIB) do próximo ano.

Abertura comercial


Ligia Dutra, superintendente de relações internacionais da CNA, apontou que a abertura comercial é uma das principais expectativas para o setor em 2019. ;Nós esperamos uma maior inserção da agropecuária no mercado internacional;, afirmou. De acordo com ela, desde que o Brasil começou a ;caminhada; de acordos internacionais, o país fechou 10 acordos, menos do que outros países, como Coréia do Sul, Japão e México.

Ligia explicou que, além disso, os acordos dos outros países são mais benéficos, porque, atualmente, as relações do Brasil não são com economias que consomem mais alimentos. ;Nós precisamos de mais acordos e com mercados que realmente importam alimentos;, defendeu.

A CNA propõe também incluir pequenos e médios produtores no processo de exportação, para aumento da renda, e o fortalecimento das relações comerciais com países asiáticos. Sobre a tendência de alimento do futuro governo com os Estados Unidos, Ligia defendeu que o produtor é pragmático e tem interesse em vender. ;Queremos abertura em todos os lugares, com os Estados Unidos e com a China;, afirmou a superintendente.

O Brasil também pode ter barreiras comerciais com os países árabes por conta da intenção do futuro governo em mudar a embaixada de Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Ligia apontou que o mercado árabe é ;importantíssimo; para o Brasil, diante do comércio de proteína animal, e que o país tem interesse em vender ;para todos que quiserem comprar;.

Barreiras do ano


De acordo com a CNA, o setor foi bastante prejudicado pela greve dos caminhoneiros e pelo tabelamento do frete neste ano. A estimativa da entidade é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio feche 2018 com queda de 1,6% em comparação a 2017. A paralisação ocorrida em maio encareceu o preço dos insumos e afetou a comercialização da produção primária, que recuou 4,2%. Os problemas climáticos também atrapalharam.

Bruno Lucchi, superintendente técnico da entidade, lembrou que a greve dos caminhoneiros resultou no acordo do governo federal com os motoristas para o tabelamento do frete. Na interpretação dele, a medida é uma ;interferência clara; no ambiente concorrencial e resultou no aumento da inflação em 2018. ;É algo que vai além do setor e afeta diretamente a sociedade brasileira;, disse. ;O tabelamento do frete foi o grande causador do custo do aumento e, consequentemente, na inflação;, completou.

Após a paralisação, ocorrida em maio, o índice de preços para os alimentos disparou. No acumulado de 12 meses, saiu de uma deflação (queda) de 1,46% em maio para 1,05% em junho. Após isso, o indicador se expandiu, chegando a 3,33% em outubro.

O efeito foi percebido no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 2,86% para 4,39% entre maio e junho. Nos últimos dados, de outubro, a inflação no acumulado de 12 meses atingiu 4,56%. A expectativa dos analistas é de que a taxa termine o ano em 3,89%, segundo o Relatório Focus, do Banco Central (BC).

De acordo com Lucchi, o governo atual tem dado sinais de que o tabelamento do frete e lembrou que o vice de Bolsonaro, o general Mourão, já se demonstrou desfavorável à medida. Também ressaltou que o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defendeu maior ;competitividade; e que o tabelamento precisa ser discutido. O caso está esperando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).