A moeda americana respondeu a agentes diferentes nos dois turnos do pregão desta sexta-feira, 30. Se até as 13h quem determinou a cotação foi a disputa pelo fechamento da última Ptax do mês, à tarde a diminuição da queda no preço do barril de petróleo favoreceu perda de fôlego do dólar frente ao real. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 3,8588, em alta de 0,14%.
No mês, a divisa ficou valorizada em 3,50% frente ao real. Operadores ouvidos pelo Broadcast apontam que há pressão de alta nos últimos dois meses do ano, por conta do envio de remessas de empresas ao exterior, o que aumenta a procura por dólares. Além disso, a queda de mais de 20% nos contratos para janeiro do barril de petróleo acumulada no mês ajuda a desvalorizar o real, bem como outras moedas ligadas à commodity. Operadores apontam ainda alguma insatisfação com a dificuldade no andamento de matérias domésticas no Congresso, como a cessão onerosa e o futuro da reforma da Previdência, além do receio em relação à desaceleração global.
No dia, na briga entre comprados e vendidos pela formação da Ptax, prevaleceu viés de alta, com a taxa medida pelo Banco Central encerrando novembro em elevação de 0,17%. A disputa deixou o dólar instável pela manhã: a divisa renovou mínimas por volta das 11h, quando atingiu o menor patamar do dia, aos R$ 3,8382 (-0,39%), e reverteu a trajetória logo em seguida, chegando à máxima intraday às 13h, R$ 3,8886 (+ 0,91%).
À tarde, o alívio na queda do preço do barril de petróleo ajudou moedas ligadas a commodities a reduzirem movimento de desvalorização frente ao dólar.
Ante emergentes, o dólar tinha alta significativa, acima de 1% nos casos das divisas turca, sul africana e russa. E subia 0,50% (às 17h) frente ao índice DXY, que reúne uma cesta de moedas fortes. Após ter perdido fôlego globalmente nos últimos dois dias, com o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, indicando que o aperto monetário pode estar próximo do fim, a moeda voltou a ganhar força. Favorece a alta um ambiente de cautela na expectativa da reunião do G-20 e possíveis desdobramentos positivos em relação às tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
A grande expectativa dos investidores é em relação à reunião entre os presidentes americano, Donald Trump, e chinês, Xi Jinping, que deve ocorrer amanhã. Ainda que não se espere um acordo em relação às tarifas comerciais, há uma percepção de que o encontro frente a frente entre os dois dirigentes pode resultar em sinalizações na direção de um entendimento.
Para o próximo mês, a expectativa é que a pressão de alta prossiga, por motivos sazonais. Isso porque, durante meses de dezembro é comum o envio de remessas por parte de multinacionais à sede e, ainda, a volta de fundos a seus países de origem para fechamento de balanço. "O próximo mês a movimentação é maior, a procura por dólares é maior por conta do envio de remessas. Então, existe pressão de alta", aponta o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.