O dólar operou com viés de alta frente ao real nesta quinta-feira, 29, em um movimento de correção após dois dias de recuo. A divisa fechou cotada a R$ 3,8534, uma alta de 0,40%. O avanço da moeda americana ocorreu na contramão dos pares emergentes e em um cenário de dólar com pouco fôlego nos mercados globais, após a diminuição dos riscos de aperto monetário nos Estados Unidos. Pesou aqui a disputa pela formação da última taxa Ptax do mês, que ocorre nesta sexta-feira e serve como referência para contratos financeiros.
A alta ocorre a despeito da realização de dois leilões de linha por parte do Banco Central neta quinta, totalizando três dias de atuação da autoridade monetária com este tipo de instrumento. O BC ofertou US$ 1,25 bilhão em duas operações, tomados integralmente pelo mercado.
Operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apontam que o real operou lateral ao movimento externo na maior parte do dia. A divisa cedeu apenas no fim da manhã, impactada pelo avanço do petróleo e em reação aos dados de inflação nos Estados Unidos, com o resultado abaixo do esperado do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês).
Sem um noticiário doméstico forte e com o dólar com pouco fôlego globalmente, no entanto, a moeda avançou sem força sobre o real. "Ficou perto do zero a zero durante todo o dia, com alta quase inexpressiva na máxima intraday (de R$ 3,8738). Estamos sem uma única grande notícia no radar, olhando ao mesmo tempo números da economia dos EUA, preço do petróleo, cessão onerosa, guerra comercial, sem um noticiário específico", aponta um operador.
Lá fora, o dólar ainda responde ao discurso mais suave do que o esperado, na quarta-feira, por parte do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Ele sinalizou que as taxas de juros já estão próximas do valor neutro, indicando que não deve haver mais muitas elevações à frente.
Com isso, o dólar caía frente à maior parte dos emergentes. A recuperação no preço do barril de petróleo também ajuda países exportadores de commodities. Frente ao índice DXY, que reúne uma cesta de moedas fortes, o dólar se mantinha praticamente estável, com alta de 0,06% (às 17h).
Há ainda um movimento de cautela na expectativa de que a reunião do G-20, que começa nesta sexta em Buenos Aires, traga novidades sobre as tensões comerciais entre China e Estados Unidos. "Mesmo que pareça que não vai haver acordo, é diferente quando os dirigentes dos países estão frente a frente. Pode ser que traga alguma notícia", aponta o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Por isso, ele acredita que a tendência é que o câmbio siga em alta moderada nesta sexta, ainda no compasso de cautela e, principalmente, impactado pela disputa na formação da taxa Ptax. Além disso, aumenta a sensação de cautela a expectativa pelo anúncio dos nomes do secretariado do Ministério da Economia de Paulo Guedes. "Esses fatores devem garantir uma pressão de alta amanhã (sexta)", diz.