O valor das exportações brasileiras registrou crescimento de 16,6% na comparação entre outubro deste ano e igual mês do ano passado, indica o Indicador do Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta segunda-feira, 26, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O saldo dos negócios ficou em US$ 5,9 bilhões, em patamar inferior a outubro de 2017. Os setores agropecuário e extrativos lideraram a melhora das exportações. Já as importações tiveram alta de 17,7%.
Ainda assim, a FGV destaca a expansão do saldo comercial com o maior parceiro comercial do Brasil, a China. Na comparação interanual, o dado saltou de US$ 19 bilhões para US$ 23 bilhões. As exportações totais para a China aumentaram em 84%, sendo registrado elevação de 124% para as vendas de soja e 134% para as de petróleo.
Ao mesmo tempo, o fluxo comercial com Estados Unidos e Argentina, outros importantes parceiros, arrefeceu, indo de US$ 1,5 bilhões para US$ 131 milhões e de US$ 6,6 bilhões para US$ 4,2, respectivamente. A participação da China nas exportações brasileiras atingiu 27% em outubro e o segundo colocado os Estados Unidos teve um porcentual de 14%.
"No acumulado do ano até outubro, seja em valor ou volume a variação das importações superou a das exportações. Em valor, as exportações cresceram 8,5% e em volume 1% na comparação com o acumulado até outubro de 2017 e as importações, 21,1% (valor) e 12,7% (volume)", apontam pesquisadores da Fundação.
De acordo com eles, a melhora foi justificada pela guerra comercial entre EUA e China e o aumento no preço de commodities, como o petróleo. "Ressalta-se, porém, que os ganhos com a guerra comercial são pontuais e não deverão se manter ao longo do tempo", diz a nota.
A FGV destaca que a perspectiva de menor crescimento global piora as expectativas de melhora do comércio mundial. "É um cenário que não interessa ao Brasil pois significa queda na demanda mundial e, portanto, nas exportações", explicam os pesquisadores de instituição.
Em volume, houve alta de 9,4% das exportações e expansão de 10,4% das importações. "Os resultados de outubro sofreram pouca influência das operações de plataformas de petróleo, a única diferença foi nas importações: 10,4% com plataformas e 9,7%, sem plataformas", explica a FGV. Ainda assim, as diferenças observadas no acumulado do ano levam a um aumento de 1% nas exportações e recuo de 0,6% quando excluídas as plataformas.
Os preços de importação tiveram expansão maior do que os preços de embarque. Os preços das commodities brasileiras negociadas com o exterior, entretanto, avançaram 8,5% em outubro e 6,7% no acumulado do ano, demonstrando que os demais produtos foram responsáveis pelo menor dinamismo dos preços exportados. Os preços do petróleo exportado são exceção, com alta de 34,8%, assim como semimanufaturados de ferro, aço e laminados, com expansão de 21,8%.
"As outras commodities ou registraram queda nos preços ou aumentos de um dígito. Os produtos de soja aumentaram 5%, as carnes recuaram 1,7% e outros agrícolas, 5,4% e o preço do minério de ferro caiu (1,9%)", aponta a FGV.
Em suas considerações finais, a entidade relata uma queda real efetiva de 9,2% da taxa de câmbio entre setembro e outubro, passado o período de incerteza eleitoral. "Passado o período eleitoral, uma queda na taxa de câmbio real efetiva de 9,2% entre setembro e outubro. É possível que a realização de novas rodadas de privatizações e concessões a serem realizados pelo novo governo em 2019 levem a aumentos de capital que pressionem para mais valorizações cambiais", pondera a FGV.
Ainda assim, a expectativa de redução das tarifas de importação, "que consta do programa do governo eleito", poderá representar um atenuante à tendência de valorização cambial, a depender de como for implementada. "Nesse caso, é prematuro afirmar qual será o comportamento do câmbio diante dessas mudanças", diz a Fundação.