Os preços do petróleo pioraram ainda mais à tarde, penalizando ativos de economias emergentes e trazendo um pouco de cautela para a curva de juros nesta terça-feira, 13. Os contratos de curto prazo reduziram a queda e os de longo prazo fecharam em alta, enquanto o dólar renovava sucessivas máximas para fechar acima dos R$ 3,82 no segmento à vista. A avaliação dos profissionais, no entanto, é que a curva até que se comportou bem, considerando a forte pressão do câmbio. A postura mais defensiva se sobressaiu na etapa estendida, quando as taxas intermediárias e longas renovaram as máximas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 7,02%, de 7,060% na segunda-feita no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 encerrou a 8,14%, mesma taxa do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2023 subiu de 9,47% para 9,52% e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 10,15%, de 10,080% no ajuste anterior.
O diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga, viu o comportamento do dólar descolado dos demais porque os players estariam usando o câmbio como hedge para montar posições mais otimistas em outros ativos, como nos juros. "Parece que o pessoal está preferindo se proteger no dólar", disse.
De todo modo, o avanço do dólar trouxe alguma pressão aos vencimentos mais longos desde a parte da manhã, em meio ainda à falta de notícias positivas sobre a transição de governo, envolvendo os nomes que o mercado aguarda e algo mais factível sobre a reforma da Previdência. Além do fato de que nada deve sair este ano, pesa o risco de se aprovar uma proposta fraca, que não seja capaz de reduzir o déficit fiscal. "Hoje (terça) faltaram boas notícias, fatos concretos, e, com isso, o mercado fica mais na defensiva e suscetível ao exterior", afirmou Braga.
Além do exterior e da dificuldade na transição de governo, a inclinação da curva responde ainda à crescente expectativa de manutenção da Selic por todo o ano de 2019, o que também contribui para a transferência de prêmios de risco dos curtos para os longos. Nos próximos meses, a percepção é de cenário ainda mais benigno para os preços, diante da possibilidade de bandeira verde (sem cobrança extraordinária) nas tarifas de energia em dezembro e de mais recuo nos preços da gasolina, dada a derrocada das cotações do petróleo. Hoje o barril do WTI para dezembro na Nymex fechou com perda de 7%, no 12º dia seguido de fechamento em baixa.
Outro fator que torna mais distante a possibilidade de aperto da Selic é a fraqueza da atividade, reforçada pelos dados ruins das vendas do varejo. Houve queda de 1,3% nas vendas em setembro ante agosto, taxa que era o piso das estimativas dos analistas e que representa o maior recuo desde março de 2017 (-1,9%).