Os juros futuros de curto prazo fecharam a sessão regular desta quarta-feira, 7, em baixa e os longos em alta, em meio ao IPCA de outubro perto do piso das estimativas e ao desconforto trazido pela leitura de que falta sintonia nas declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro e membros de sua equipe. Ainda na ponta longa pesaram as especulações de que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não ficaria no cargo no novo governo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 7,13%, de 7,153% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2021 subiu de 8,113% para 8,15%. A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou em 9,31%, de 9,273% na terça-feira no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 avançou de 9,822% para 9,86%.
O IPCA do mês passado mostrou inflação de 0,45%, taxa abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (0,55%) e perto do piso do intervalo, que ia de 0,42% a 0,63%. O efeito foi de queda nos contratos de curto prazo e de alta na ponta longa, ao reforçar a percepção de que a retomada do ciclo de aperto da Selic pode ser adiada. "O IPCA mais baixo por um lado deixa a curva curta mais comportada e afasta possibilidade de alta de juros no curto prazo, mas acaba por produzir alguma inclinação", afirmou o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga.
Ainda sobre os longos, ajuda a pressionar as taxas a aparente falta de coordenação entre Bolsonaro e seus interlocutores a respeito dos principais temas econômicos. Por exemplo, quando o futuro ministro da economia, Paulo Guedes, afirmou que os parlamentares precisam de uma "prensa" para votar logo a reforma da Previdência. Bolsonaro tentou desfazer o mal-estar. "A palavra não é prensa. É convencimento", tentou amenizar, lembrando que os parlamentares são independentes e não são movidos a pressão.
As máximas foram atingidas no começo da tarde, em linha com as máximas do dólar, que passou a subir alinhado ao aumento da pressão também sobre o peso mexicano. No meio da tarde, a moeda voltou a cair ante o real, mas nesse caso a ponta longa não acompanhou. Esse descolamento é atribuído pelos players a informações publicadas pela imprensa de que Ilan será substituído no Banco Central, o que vai na contramão da torcida do mercado por sua permanência no cargo. Bolsonaro disse nesta tarde que a equipe de Paulo Guedes "está em vias de anunciar" o nome do próximo presidente do Banco Central e que "pode ser" Ilan Goldfajn.
Ilan tem elevado os esforços para aprovar, ainda este ano, o projeto de lei que trata da autonomia do BC, atualmente em tramitação na Câmara. O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que a proposta, que ainda está em sigilo, conta com o apoio do BC. O substitutivo do deputado federal Celso Maldaner (MDB-SC), que é relator da proposta na Câmara, prevê o mandato de quatro anos do presidente e dos diretores, que poderá ser renovado por mais quatro anos, uma única vez.