Jornal Correio Braziliense

Economia

Salão do Automóvel abre as portas em clima de retomada

Até 2021, país terá, no mínimo, 20 modelos elétricos e híbridos à venda; o segmento de SUVs também é aposta das montadoras

Num clima de otimismo com a perspectiva de crescimento da economia em 2019 e menos incertezas políticas com a eleição do novo presidente da República, as montadoras brasileiras abrem na quinta-feira (8/11) ao público as portas do Salão do Automóvel com foco nos carros elétricos e híbridos e uma leva de novos utilitários-esportivos (SUVs), segmento que mais cresce em vendas no País e no mundo.

Anúncios feitos, na terça-feira (6/11), por várias marcas mostram que, de agora até 2021, o País terá, no mínimo, 20 modelos elétricos e híbridos à venda. A Nissan iniciou na terça-feira a pré-venda do elétrico Leaf, por R$ 178,4 mil, e a Renault começa quarta-feira, 7, a atender pedidos do Zoe, por R$ 149 mil.

Também já tem preço definido o Chevrolet Bolt, que chega ao país em 2019 a R$ 175 mil. Também anunciaram vendas de veículos eletrificados a Volkswagen (Golf GTE híbrido), Kia (Soul elétrico e Optima, Niro e Rio híbridos), Audi (e-Tron) e Toyota (Prius híbrido/flex).

A Honda terá três híbridos nos próximos anos (a serem definidos, mas uma possibilidade é o CR-V). A BMW tem um calendário para três modelos elétricos até 2021. Ford, Honda, Hyundai, Caoa e BMW estão com planos prontos, mas aguardam testes de mercado, aceitação do público e a definição do programa Rota 2030 para confirmarem os modelos.

"O Brasil está um pouco atrasado, mas o importante é que está aderindo à tendência mundial de eletrificação, com modelos elétricos e híbridos", diz o presidente da Nissan, Marco Silva. Ele calcula que, nos próximos quatro anos, 15% das vendas de automóveis no Brasil serão de modelos eletrificados.

O presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, ressalta que, embora a infraestrutura para recarga dos elétricos seja escassa, "o produto na rua vai criar a necessidade (de desenvolver bases de abastecimento). Por enquanto, todos os produtos "verdes" serão importados, mas o executivo acredita que no máximo em cinco anos haverá produção local.

Nova onda


O lançamento de SUVs também é quase unânime entre as mais de 20 marcas que participam do salão, que ficará aberto até dia 18 no São Paulo Expo, na capital paulista. Há cerca de 15 novos veículos, entre modelos inéditos, renovação de linha e conceitos a serem lançados futuramente.

Um dos conceitos é o Fiat Fastback, um SUV desenhado no Brasil que dará origem a um utilitário compacto a ser fabricado no País em até dois anos. Será o primeiro veículo dessa categoria da marca italiana a ser produzido localmente como parte de um investimento que a marca fará até 2023.

A Volkswagen também estreia nessa categoria com o T-Cross, que começará a ser produzido no início de 2019 na fábrica de São José dos Pinhas (PR). Outra grande novidade da marca alemã é a apresentação da picape Tarok, veículo global que os brasileiros vão ver em primeira mão.

Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América do Sul, diz que o modelo exposto no salão ainda é um conceito, mas já estuda qual das fábricas do grupo poderá produzir a picape de médio porte, segmento em que ainda não atua. As mais cotadas são as unidades de São Bernardo do Campo e Taubaté, já que a filial do Paraná deverá ter boa parte de sua capacidade ocupada com o T-Cross.

Rota 2030


A preocupação geral entre os executivos do setor é com a aprovação do novo regime automotivo, o Rota 2030, cuja votação na Câmara foi novamente adiada de ontem para hoje. Na semana passada a votação já havia sido adiada por falta de consenso entre os parlamentares sobre emendas colocadas no projeto que prorrogam benefícios para empresas instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que desagradou as montadoras do Sul e Sudeste.

"Quando todos os presidentes (das montadoras) foram juntos a Brasília apresentar o programa ao presidente Michel Temer éramos uma voz única", diz Silva, da Nissan, acrescentado que agora há uma situação em que há grupos "olhando só para si." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.