Jornal Correio Braziliense

Economia

Meta é divida líquida fechar abaixo de US$ 70 bi, diz presidente da Petrobras

O presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou que a meta da administração para a petroleira é fazer com que a dívida líquida feche abaixo de US$ 70 bilhões este ano. Ele disse esperar que a estatal continue a ter mesma performance e que os indicadores da empresa deixam a diretoria otimista com o futuro companhia. Apesar disso, Monteiro confirmou que a meta de US$ 21 bilhões em desinvestimentos não será alcançada, por conta de decisões judiciais. A expectativa é que encerre o ano com apenas US$ 7,5 bilhões em desinvestimentos. Mas a métrica de desalavancagem de 2,5 vezes o Ebitda ajustado será mantida. A meta de produção no ano também permanece a mesma. "Estamos avançando em direção à meta de produção do ano. Temos algumas paradas programadas no quarto trimestre, mas o maior volume ocorreu no terceiro trimestre", afirmou Solange Guedes, diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras. Quanto às negociações em torno da venda da Braskem, Monteiro contou que a companhia aguardava os resultados das conversas entre Odebrecht e LyondellBasell para avaliar o posicionamento. Hedge e subsídio Monteiro considera que o regime de hedge feito para ajudar na proteção dos preços da gasolina foi bastante satisfatório. "Atendeu às expectativas que nós tínhamos em relação à decisão. Esta atendendo plenamente ao que a gente acredita", resumiu. A Petrobras ainda tem R$ 2,2 bilhões a receber do programa de subsídio do diesel. De acordo com Monteiro, a política de preços da estatal é um fator importante para os números apresentados no terceiro trimestre. Mas, segundo ele, eventuais alterações no futuro têm que ser discutidas e caberão ao novo governo. Governança As diversas modificações nos processos internos e de governança da Petrobras levaram a um reconhecimento do mercado e se refletiram numa valorização as ações da companhia, defendeu o presidente da petroleira. "Tudo isso é conquistado, trabalho árduo que você muda internamente", afirmou Monteiro, em coletiva de imprensa no Rio para comentar os resultados do terceiro trimestre. "Alteração a isso pode ser feita? Pode. Mas a gente acha que poderia ter uma reação muito negativa", alertou. Monteiro disse que não acredita que haja piora nos processos de governança. Ele lembra que a atual diretoria chegou à empresa com a estatal em crise e o preço do petróleo em baixa. "Hoje, nos sentimos orgulhosos com o trabalho feito", declarou. "A companhia é outra, completamente diferente da que a gente recebeu", completou. A Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 6,644 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 34% em relação ao resultado obtido no segundo trimestre. De acordo com a petroleira, o resultado foi afetado pelos acordos firmados, em setembro, com o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) e com a Securities and Exchange Commission (SEC) para encerramento das investigações das autoridades norte-americanas, no valor de R$ 3,5 bilhões. "O único dado relevante para a queda no lucro é o acordo firmado nos Estados Unidos", declarou Monteiro. "Todas as métricas de custo da companhia estão melhores em relação ao ano passado", completou. Recuperação de market share Os preços praticados pela Petrobras para o óleo diesel "continuam competitivos" e alinhados com o mercado internacional, mesmo com a adoção do programa de subsídios, segundo o diretor de Refino e Gás Natural da companhia, Jorge Celestino, que também participou de coletiva de imprensa para apresentar o resultado financeiro da petroleira no terceiro trimestre deste ano. Em sua apresentação, o diretor responsável pela área de comercialização de petróleo e derivados destacou os avanços alcançados no período. "Estamos melhorando a eficiência de custo e o nível de serviços no abastecimento", afirmou. Desde que o governo iniciou o programa de subvenção do consumo de diesel, em resposta à greve dos caminhoneiros em maio, a empresa vem ganhando participação no mercado do combustível. A presença da companhia era de 84% em maio e, em setembro, chegou a 93%. O volume de vendas do diesel subiu de 661 mil barris por dia (bpd) nos primeiros nove meses de 2017 para 714 mil bpd em igual período deste ano. As empresas importadoras de diesel alegam que a subvenção do governo não cobre os custos para trazer o produto do exterior, o que tem contribuído para que a Petrobras ganhe ainda mais espaço de venda. Já o volume de gasolina comercializado pela empresa caiu de 460 mil bpd de janeiro a setembro do ano passado para 401 mil bpd em igual período deste ano, por conta, principalmente, da concorrência com o etanol. Na disputa com outros fornecedores do combustível, no entanto, a Petrobras lidera a corrida. A empresa possui 91% de market share, frente a 83% registrados em maio deste ano. "A política de preço mais agressiva está fazendo (a empresa) recuperar market share", disse Celestino. Apesar dos avanços no comércio de derivados, o fator de utilização da capacidade das refinarias diminuiu ao longo do terceiro trimestre. Em julho era de 82% e, em setembro, passou para 75%, principalmente, por conta do acidente que interrompeu a produção da maior unidade da estatal, a Replan, em Paulínia. O esperado é que a refinaria volte a operar com toda a sua capacidade em janeiro do ano que vem. Sobre possíveis mudanças na empresa no novo governo a partir de 2019, o diretor afirmou que "equipes de transição do Bolsonaro (Jair, presidente eleito) estão conversando, em breve teremos definição sobre futuro da empresa". Produção A queda de 6% na produção da Petrobras nos nove primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2017 está em linha com o planejado, argumentou Solange. "O terceiro trimestre foi bastante especial. Ao longo desse período tivemos eventos com mais ênfase no terceiro trimestre do que ocorreu no primeiro semestre", disse. Segundo ela, a Petrobras seguiu operando em 28 plataformas e fazendo ajustes para obter melhorias, o que demandou a conciliação da produção com as obras. "O trimestre foi fortemente impactado também por desinvestimento e pelo término antecipado de alguns sistemas de produção", lembrou. A executiva citou ainda as obras de infraestrutura de escoamento de gás, de adequação da Rota 1, que fechou a operação por dois meses, "impactando fortemente duas unidades do pré-sal". "A gente continua com essa campanha de 2018 com grandes unidades entrando em produção e com boas perspectivas para 2019", defendeu Hugo Repsold Júnior, diretor executivo de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia da Petrobrás. Geração de caixa recorde A Petrobras registrou uma geração de caixa recorde de janeiro a setembro deste ano, com o auxílio da alta da cotação do brent, destacou o diretor Financeiro da companhia, Rafael Grisolia, ao apresentar o resultado do terceiro trimestre deste ano. Em sua apresentação, o executivo ressaltou ainda que a maior margem de apreciação do petróleo foi captada, principalmente, no segmento de exploração e produção da companhia, cujo Ebitda ajustado cresceu 63% na comparação com os nove meses de 2017. O resultado foi também afetado pela depreciação do real e pelo controle do custo de extração. Já a área de abastecimento não foi tão beneficiada pela alta do brent. Nesse segmento, o Ebitda ajustado avançou 8%. No período, a empresa registrou menores margens de diesel e gasolina em relação ao brent, compensadas pelo efeito dos estoques formados a preços mais baixos. A empresa ainda vendeu menores volumes de derivados, compensado em parte pelo aumento do volume de vendas e participação de mercado do óleo diesel. A empresa ainda registrou redução do custo de refino. Sobre o desempenho financeiro da Petrobras, o diretor Grisolia ainda destacou a redução do fluxo de caixa de R$ 16,4 bilhões no segundo trimestre deste ano para R$ 8,1 bilhões no terceiro trimestre deste ano, por conta, principalmente, de um aumento do investimento e gastos com acordos com investidores nos Estados Unidos. Sobre os desinvestimentos, a empresa informou que entraram US$ 5 bilhões no caixa em nove meses. Ao todo, em 2017 e 2018, foram vendidos US$ 7,5 bilhões em ativos. A empresa concluiu a alienação de dez ativos até agora, dos quais dois ainda estão com aprovações pendentes.