O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não negou que a reforma da Previdência possa ser votada ainda este ano, mas disse que garantir a votação neste momento seria uma atitude precipitada. A ideia de resgatar a proposta do governo Michel Temer, engavetada no início do ano por falta de votos, só pode ser levada adiante com muita disposição dos parlamentares e forte articulação política do próximo presidente, Jair Bolsonaro (PSL).
[SAIBAMAIS]Ao chegar à Câmara, nesta terça-feira (30/10), Maia afirmou que não conversou sobre o assunto com Bolsonaro. Por isso, "falar quando vai ser votada seria um pouco de precipitação", considerou o parlamentar. "Eu acho que a Previdência é urgente. Mas entre o que eu acho e o que nós temos condição de aprovar há um caminho muito longo. Não posso ficar criando expectativas, ainda não controlo todas as informações. Não vou me antecipar. Não sei que condições teremos ou não de avançar nesse ou em outro tema nos próximos dois meses", explicou.
O deputado considera que antes de caminhar para uma discussão de quantidade de votos seria necessário conversar com alguns líderes, para compreender qual é o ambiente da Casa. Para Maia, "precipitado é votar qualquer coisa sem voto". Com voto, "nada é precipitado", afirmou. "Votar qualquer matéria, independentemente de qual seja, Previdência ou não, para o futuro governo sofrer uma derrota acho que é ruim para o governo que vem", ponderou.
As reformas importantes, mas polêmicas, "sempre precisam da liderança do governo articulado com o parlamento", lembrou o parlamentar. "Quem tem as condições de começar essa articulação, não sei se para os próximos dois meses ou para o próximo ano, é o presidente eleito", disse.
Embora tenha ressaltado a urgência de se reformar a Previdência, Maia deixou claro que não quer cometer o mesmo erro do início do ano e de 2017, quando estipulou uma data para votação mesmo sem ter os votos necessários. "Ele (Temer) não teve as condições de aprová-la aqui na Câmara, por vários motivos, não por falta de vontade ou de empenho", disse. "Vamos organizar esse assunto. Ele é tão importante que não deve gerar nenhum tipo de exposição equivocada."
Mesmo sem precisar uma data para votação, Maia reforçou que "o Brasil precisa da reforma" e que, se ela tivesse sido feita antes, não haveria tanto problema. "O deficit previdenciário cresce no mínimo R$ 40 bilhões por ano", argumentou. "Todos nós que acompanhamos as contas do governo compreendemos que a reforma da Previdência já deveria ter sido feita antes. Se tivéssemos feito uma reforma para os novos contribuintes há 20, 30 anos, não precisaríamos estar discutindo transição para os contribuintes do momento atual e do passado", disse.