A forte migração dos investidores de ativos de risco para os mais conservadores derrubou as bolsas de valores de todo o mundo e não poupou o mercado brasileiro nesta quarta-feira, 24. O Índice Bovespa chegou a ensaiar uma alta pela manhã, mas logo sucumbiu à onda vendedora vinda do exterior, terminando o dia aos 83.063,56 pontos, em queda de 2,62%.
Os índices acionários de Nova York conduziram as sucessivas mínimas do Ibovespa na última hora de negócios, à medida que investidores aumentaram seus posicionamentos de cautela ante uma série de incertezas que estão no radar. O ato terrorista cometido contra lideranças democratas, como Barack Obama e Bill e Hillary Clinton, duas semanas antes das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, elevou o clima de tensão que já se instalava por outras questões, como a política monetária dos Estados Unidos e o ritmo de crescimento da economia global.
Entre as 65 ações do Ibovespa, apenas 4 terminaram em alta, a maioria de empresas exportadoras, beneficiadas pela alta de 1% do dólar. Suzano ON subiu 2,46% e foi o maior ganho do índice. Por outro lado, empresas sensíveis ao risco internacional foram as que mais sofreram. Vale ON, por exemplo, tombou 4,09%, diante das quedas superiores a 5% registradas à tarde pelo índice de metais da bolsa de Nova York.
Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest, há grandes dúvidas sobre as perspectivas para a economia mundial e não se sabe qual o impacto para países emergentes. Ao mesmo tempo, diz, o mercado não sabe quais serão os primeiros passos do novo governo, que ao que as pesquisas indicam será de Jair Bolsonaro (PSL).
"Há muitas dúvidas e desafios para 2019. Lá fora temos briga comercial, crises na Europa, Brexit. Por aqui, não saberemos quais medidas serão tomadas e que apoio o novo governo terá no Congresso. Se o novo governo conseguir endereçar as medidas necessárias, é possível que o mercado brasileiro consiga avançar, apesar das questões externas", disse.