O mercado financeiro começou a semana em clima otimista na reta final para o segundo turno das eleições gerais, aumentando as apostas na vitória de Jair Bolsonaro (PSL), que continua líder nas pesquisas e com a preferência crescente das intenções de voto. Pela enquete CNT/MDA, divulgada na tarde desta segunda-feira (22/10), o militar tem 57% da preferência dos votos válidos contra 43% de Fernando Haddad (PT). Mais cedo, a pesquisa FSB-Pactual apontou Bolsonaro com 60% dos votos válidos e, Haddad, com 40%.
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou ontem com alta e o dólar voltou a cair. A B3 subiu 1,63% em relação ao fechamento de sexta-feira (19), a 85.597 pontos. As maiores altas do Ibovespa foram das ações de Usiminas PNA (de 7,73%) e Via Varejo (de 7,32%). O volume de negócios somou R$ 11,7 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial recuou 0,62%, cotado a R$ 3,689 para a venda.
O mercado externo, que apareceu mais tranquilo neste começo de semana, também contribuiu para os dados positivos do mercado interno, de acordo com Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados. ;O Fed (Banco Central dos Estados Unidos) deu uma sinalização de que vai elevar os juros mais lentamente e isso acabou ajudando a valorização das moedas de países emergentes de forma geral, não apenas a do Brasil;, explicou.
O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, que prevê crescimento de 2,2% no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, não descarta um choque otimista que poderá alavancar a confiança dos empresários se a agenda reformista prometida pelo conselheiro econômico de Bolsonaro, o economista Paulo Guedes, tiver chances reais de ser implementada. ;O clima é de já ganhou e não dá para descartar o otimismo do mercado com as pesquisas. Dificilmente haverá reversão nessa reta final para as eleições no domingo.
O mercado está contando com uma política econômica focada na reforma do Estado, nas privatizações e nas reformas que visem reduzir ao longo do tempo o enorme deficit fiscal da União;, pontuou. Para ele, o cenário externo não está ajudando nem prejudicando o interno nessas duas últimas semanas. ;Não tem nenhum evento que tenha piorado o previsão de risco, mas é claro que o ambiente lá fora não é favorável em um contexto mais amplo. A política monetária dos EUA cada vez mais apertada, com juros mais altos, e com o governo de Donald Trump dando novos lances na política comercial podem mudar essa tendência positiva atual;, alertou.
Na avaliação dos analistas, mesmo as últimas denúncias nos últimos dias de Caixa 2 nas redes sociais e a veiculação de declarações infelizes do filho do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de querer fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) com um cabo e um soldado, não abalaram as expectativas de vitória de Bolsonaro. ;A possibilidade de um governo reformista, com base no Congresso tem animado o mercado;, explicou Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Investimentos, acrescentando que esse otimismo está se refletindo até mesmo na curva de juros, que estão abaixo de 10% até 2025.
;Por enquanto, a possibilidade de melhor de articulação de Bolsonaro com o Congresso por conta de a bancada ser expressiva, faz com que as denúncias não peguem nele até as eleições. Mas no futuro, em caso de vitória, isso poderá ser uma faca no pescoço no ano que vem. Se houver um momento de fraqueza do governo dele, essas denúncias podem voltar à tona;, completou. Para ele, contudo, as projeções hoje favoráveis, podem mudar dependendo dos nomes que vão compor a equipe econômica. ;Hoje o mercado trabalha com a continuidade de Ilan Golfajn, à frente do Banco Central, mas se ele não continuar, como afirmou na semana passada, será necessário rever as previsões com um possível substituto;, alertou.
André Perfeito, economista-chefe da Spinelli, destacou que a aposta em Bolsonaro está crescente e, por conta disso, a bolsa voltou a subir. ;O mercado está muito entusiasmado e não é apenas com a derrota do PT, mas já está precificando a vitória de Bolsonaro. A tendência é que esse otimismo continue ao longo da semana;, explicou. Como um exemplo de como o mercado está ;comprado; em Bolsonaro ele citou a ação preferencial da Forjas Taurus, que subiu 6,8% hoje, e, no ano, acumula alta de 527%. Para os analistas, essa valorização da Taurus está superestimada uma vez que a empresa não terá capacidade para atender o mercado interno em uma eventual revogação do estatuto do desarmamento, como prega o militar.
De acordo com Perfeito, alta da B3 de hoje também acabou influenciada a expectativa positiva de alguns nomes que podem integrar a equipe econômica liderada por Paulo Guedes, cotado para ser o super ministro da Economia de Bolsonaro. Ele contou que o mercado tem se animado com os nomes como o de Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, sendo cotados. ;Hoje foi um dia de especulações e o mercado aproveita para dar volatilidade nos preços dos ativos;, resumiu.