O último pregão antes do primeiro turno da eleição presidencial foi de realização de lucros no mercado brasileiro de ações. Nesta sexta-feira, 5, o Índice Bovespa chegou a subir mais de 1% pela manhã, embalado por nova pesquisa eleitoral favorável a Jair Bolsonaro (PSL). No entanto, perdeu fôlego ainda na primeira etapa dos negócios e fechou em baixa de 0,76%, aos 82.321,52 pontos.
Apesar de a diferença entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) ter subido de 11 para 13 pontos na última pesquisa Datafolha, investidores evitaram apostar numa vitória do capitão da reserva já no primeiro turno. Assim, preferiram recolher parte dos lucros obtidos nas últimas semanas, antecipando-se a alguma surpresa negativa que possa gerar uma correção mais forte na segunda-feira.
"Pela abertura, parecia que teríamos um dia positivo. Mas se pensarmos no nível atual dos preços, vemos que o atual quadro eleitoral - mais favorável a uma agenda reformista - já está em boa parte precificado", disse Daniel Xavier, economista-chefe do DMI Group.
Para Xavier, apesar de o Ibovespa ter mostrado uma acomodação nos dois últimos pregões, é importante observar que isso ocorre em um nível superior à média de setembro, mês em que o índice oscilou entre 74 mil e 80 mil pontos. Para ele, o atual nível de pontos precifica um quadro "um pouco mais construtivo para as reformas econômicas", em um cenário em que haverá segundo turno.
Com o resultado desta sexta, o Ibovespa encerra a semana com ganho acumulado de 3,75%. As altas mais significativas no período estiveram justamente nos papéis do chamado "kit eleição", como Banco do Brasil ON (+21,36%), Eletrobras PNB (+21,43%) e Petrobras PN (+13,61%).
Na análise do pregão desta sexta-feira, a queda foi determinada principalmente pelas ações do setor financeiro, à exceção de Banco do Brasil ON (+1,77%). Os papéis da Vale (-2,23%) e das siderúrgicas também estiveram entre as perdas mais significativas, em dia de feriado no mercado chinês de metais. Eletrobras ON e PNB subiram 1,35% e 1,53%. Já Petrobras ON (-0,37%) e PN (-0,25%) não resistiram às correções.
"As ações já haviam subido em porcentuais relevantes e o mercado retomou a correção iniciada na véspera. Pesou a pressão vendedora por parte daqueles que preferiram garantir um 'net' antes do primeiro turno. Ou seja, ao mesmo tempo em que realizaram lucros, se protegeram para o resultado da eleição", disse Filipe Fradinho, research da Ativa Investimentos.