O mercado brasileiro de ações renovou o otimismo com o cenário eleitoral e conduziu o Índice Bovespa ao seu segundo pregão de alta consecutiva, em um dia de expressivo volume financeiro (R$ 22,5 bilhões). Houve euforia no início dos negócios desta quarta-feira, 3, e o índice chegou a subir mais de 4%, superando o patamar dos 85 mil pontos. Mais comedido no decorrer do dia, o indicador chegou ao final do pregão em alta de 2,04%, aos 83.273,40 pontos.
As ordens de compra foram impulsionadas pelos resultados da mais recente pesquisa Datafolha, ontem à noite, que confirmou o crescimento acima da margem de erro das intenções de voto em Jair Bolsonaro, candidato do PSL à presidência. A melhora de desempenho dele acabou por desencadear apoios de setores políticos e da sociedade, fortalecendo as especulações sobre uma eventual vitória já no primeiro turno.
"Alta da bolsa com volume elevado é muito bom, pois aponta para o ingresso de recursos externos de maior prazo. O mercado refletiu uma diminuição da incerteza nesta reta final da eleição", disse Guilherme Macêdo, sócio da Vokin Investimentos. Segundo ele, uma vitória de Bolsonaro em primeiro turno, como se especulou no mercado, ainda é algo pouco provável, mas factível.
Assim como aconteceu na véspera, a alta do Ibovespa foi puxada por ações que exprimem a percepção de risco político no mercado, como é o caso das ações de empresas estatais e das do setor financeiro. "As ações de estatais sobem mais alinhadas à derrota do PT do que ao avanço de Bolsonaro. O grande temor é de ingerência política nessas empresas, como aconteceu no passado", afirma Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora.
Entre as 65 ações que compõem o Ibovespa, as maiores altas foram de Banco do Brasil ON (+9,07%) e Eletrobras PNB (+8,64%). Além da questão política, os papéis da Petrobras pegaram carona também na alta dos preços do petróleo e subiram 2,60% (ON) e 4,25% (PN). Já entre as quedas mais significativas estiveram novamente papéis de empresas exportadoras, como Suzano ON (-4,46%) e as units da Klabin (-3,07%).
Somente em terça e quarta-feira, o Ibovespa saltou 4.649 pontos, ou 5,91%. O otimismo também foi visto no exterior e o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no exterior, fechou com alta de 3,62% no dia.