Jornal Correio Braziliense

Economia

Cenário externo ajuda a amenizar cautela com eleição e dólar cai para R$ 4,0299

A moeda norte-americana fechou o dia em baixa de 0,52%

A quatro pregões das eleições, o dólar local foi influenciado nesta segunda-feira (1/10) pelo comportamento da moeda no exterior, que perdeu valor entre os países emergentes mais fragilizados, principalmente Argentina, onde a moeda caiu 4,5%, e Turquia (-2%), movimentos favorecidos pelo acordo entre Canadá e Estados Unidos para salvar o Nafta. Mas a cautela com a corrida presidencial, que hoje à noite tem a divulgação de nova pesquisa do Ibope, impediu maior recuo da moeda americana, que mais perto do fechamento desacelerou o ritmo de queda. O dólar à vista terminou a segunda-feira em baixa de 0,52%, a R$ 4,0299.

O dia teve noticiário carregado na política, incluindo a liberação pelo juiz federal Sergio Moro de trecho da delação do ex-ministro de Luiz Inácio Lula da Silva Antonio Palocci. Operadores ressaltam que a notícia praticamente não teve impacto nos preços dos ativos, porque até agora trouxe basicamente fatos já conhecidos sobre a Petrobras. Palocci afirma que Lula sabia do esquema de corrupção desde 2007. Além da delação, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), reafirmou hoje autorização para Lula dar entrevistas da prisão.

O sócio gestor da Absolute Invest, Roberto Serra, avalia que o dólar está tendo um "comportamento errático" nos últimos dias, com os agentes calibrando as posições. "Quem já calibrou não vai entrar agora no mercado", disse ele ao falar da infinidade de notícias que têm chegado ao mercado nesta reta final das eleições, contribuindo para deixar as mesas de operação na defensiva. "Essa tendência errática deve continuar esta semana." Hoje, o dólar chegou a bater em R$ 4, na mínima do dia. Na máxima, pela manhã, foi a R$ 4,06.

Na avaliação do diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, com base nos preços que o dólar vem oscilando nas últimas semanas, na casa dos R$ 4 a R$ 4,05, e nas pesquisas de intenção de voto, que mostraram Haddad ganhando terreno, "infere-se que não deveremos ter alta acentuada do câmbio caso o PT retome o poder". "Em cenário de vitória de Haddad, é possível que a cotação volte a subir para a faixa de R$ 4,20 ou um pouco mais, mas é muito provável, caso Haddad sinalize no segundo turno que terá equipe econômica favorável a reformas, que o pior tenha ficado para trás."