Jornal Correio Braziliense

Economia

Secretário de comércio exterior diz que relação EUA e Brasil é positiva

A declaração de Abrão Neto acontece depois de duras críticas de Donald Trump às relações comerciais dos países

O descontentamento comercial do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, chegou ao Brasil. Ele disse que o país trata os norte-americanos de forma injusta. A crítica foi feita durante entrevista coletiva na Casa Branca para tratar sobre o acordo comercial entre os Estados Unidos, o Canadá e o México. O presidente americano foi perguntado por um jornalista sobre a Índia e respondeu que a nação asiática cobra ;tarifas tremendas;.

;Tivemos presidentes dos Estados Unidos e representantes comerciais que nunca falaram com a Índia. O Brasil é outro;, disse. E emendou: ;É uma beleza. Eles (Brasil) cobram de nós o que querem. Se você perguntar a algumas empresas, eles dizem que o Brasil está entre os mais duros do mundo, talvez o mais duro. E nós não os chamamos e dizemos ;ei, vocês estão tratando nossas empresas injustamente, tratando nosso país injustamente;;, afirmou Trump.

O Palácio do Planalto informou que não irá se pronunciar sobre o caso. O Estados Unidos são o segundo parceiros comerciais do Brasil, atrás apenas da China. O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Abrão Neto, alegou que, apesar das críticas, a relação comercial entre as nações é ;positiva;. ;É importante entender o contexto das declarações e quais os detalhes deste teor. O Brasil e os Estados Unidos são parceiros comerciais importantes, estratégicos. O Brasil tem os Estados Unidos como o segundo principal destino das exportações e esse comércio bilateral tem crescido nos últimos anos, está crescendo em 2018 e nos últimos 10 anos com resultados mais positivos do lado americano;, disse.

Abrão Neto apontou que, em 2018, o Brasil importou mais que o dobro que os Estados Unidos, na relação comercial. Enquanto as exportações brasileiras para o país norte-americano subiram 6,2%, as compras aumentaram 13,3%. ;Além disso, nos últimos dez anos, até 2017, essa relação tem sido mais favorável, do ponto de vista de saldo, para os Estados Unidos;, enfatizou o secretário. ;Os EUA tiveram um superávit com o Brasil de US$ 90 bilhões no comércio de bens. Se considerar o comércio de bens e serviços, o superávit acumulado é de US$ 250 bilhões;, completou.

Por isso, o secretário declarou que, de maneira geral, O Brasil tem relação comercial muito positiva com os Estados Unidos. Neto apontou, porém, que há uma ;avenida; de temas a serem aprofundados na relação bilateral que podem ;contribuir ainda mais para o fortalecimento do comércio entre EUA e Brasil.

Ainda na entrevista, Trump foi enfático com as relações comerciais com os outros países. ;Todos os acordos que temos é perdedor. Você pode olhar para quase qualquer país no mundo. Quase qualquer país. Nós temos um déficit comercial. Nós perdemos com todos;, criticou. O presidente do país ainda ressaltou que é um ;privilégio; outras nações fazerem negócios com os Estados Unidos. ;E não estou falando do México, estou falando de todos. É um privilégio para a China, para a União Europeia, que nos tratou tão mal;, alegou.


EUA, México e Canadá

Os Estados Unidos, o México e o Canadá fecharam um acordo comercial, oficializado nesta segunda-feira (1/10). Trump considerou o acerto como ;maravilhoso; e ;histórico;. Segundo o presidente dos EUA, será chamado Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês). Ele disse ainda que o trato resolve ;muitas das deficiências e erros do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte);.

Na interpretação de Trump, o acordo abre em grande parte os mercados para os fazendeiros e manufatureiros, reduz barreiras comerciais para os EUA e levará os três grandes países juntos para competir com o resto do mundo;.

Perguntado se a nova relação comercial entre EUA, México e Canadá poderia prejudicar o Brasil, o secretário de comércio exterior do Brasil ressaltou que ainda não tem detalhes, mas que é importante destacar que é uma medida de modernização. ;As preferências tarifárias já existiam antes e agora estão sendo modernizadas e alguns casos alteradas;, disse Abrão Neto.

;O impacto pode ter em alguns setores, como o automotivo, mas, de maneira geral, a tendência e que se mantenha a relação comercial entre esses três países e o Brasil continue tendo acesso aos mercados desses três países, lembrando que o Brasil tem iniciativas individuais com cada um deles;, ressaltou o secretário.