Jornal Correio Braziliense

Economia

Nada mudou na política cambial, diz presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu que "nada mudou" na nossa política cambial. Durante a entrevista coletiva para apresentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e enquanto o dólar operava abaixo de R$ 4 no período da manhã desta quinta-feira, 27, Ilan disse que a instituição continua focada "em permitir que câmbio exerça seu papel". "Continuamos monitorando o mercado, o excesso de volatilidade, as dinâmicas perversas. Tudo isso continua igual", disse. "É importante enfatizar isso." Durante a entrevista, o presidente do BC também foi questionado sobre o peso dos riscos de alta para a inflação e se seria possível atribuir pesos distintos à preocupação citada do Comitê de Política Monetária (Copom) com o impacto da normalização monetária internacional sobre emergentes e eventual risco relacionado à agenda de reformas no Brasil. "Acho que há tanto as questões externas quanto as internas sobre as reformas e os ajustes. Todas essas questões são levantadas ao mesmo tempo. Aqui, falamos da combinação das duas (questões)", disse Ilan. "Não temos nenhum peso maior ou menor para as questões e as duas acabam impactando, não ao mesmo tempo, mas ao longo do tempo", explicou. Boxes de câmbio O presidente do Banco Central descartou que os dois boxes sobre câmbio, publicados no RTI, tragam alguma mensagem para o mercado financeiro. Segundo ele, os boxes apenas oferecem mais detalhes sobre o funcionamento do câmbio no País. No RTI publicado, o BC incorporou um boxe sobre variação passada e previsibilidade da taxa de câmbio. Outro boxe traz informações sobre repasses cambiais. "Boxes simplesmente olham para hipóteses e avaliam", disse Ilan. "O boxe de repasse cambial não foi para sinalizar mais ou menos preocupação, mas sim para indicar quais são os determinantes." Expansão de crédito O presidente do Banco Central ressaltou que o mercado de crédito tem apresentado comportamento positivo nos últimos meses. "O ritmo de expansão das operações não é grande, mas tem sido positivo", ressaltou. "Temos um quadro de crescimento sustentável no crédito. Não é um crescimento muito elevado, mas é positivo", disse o presidente do BC. Durante entrevista para apresentar o RTI, Ilan lembrou que inadimplência, juros e spread bancário têm caído desde 2016. Juros O presidente do Banco Central afirmou que as medidas legislativas de interesse da instituição, que tramitam atualmente no Congresso, "vão levar, de forma estrutural, à queda dos juros". "Há várias medidas da Agenda BC+, como o cadastro positivo, que foi aprovado na Câmara, mas faltam destaques a serem votados. Acreditamos que serão votados agora", pontuou. Ilan citou ainda as propostas ligadas à duplicata eletrônica e à relação entre o BC e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Queremos cada vez mais reduzir o custo de crédito no Brasil." Questionado se o governo poderia antecipar a ampliação do teto para uso do FGTS para a compra de imóveis - medida que, oficialmente, começará em 1º de janeiro -, Ilan Goldfajn afirmou que a questão do prazo está sendo avaliada no BC.