Andressa Paulino*
postado em 13/09/2018 20:22
O número de consumidores com contas em atraso voltou a subir. Segundo os dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em agosto a quantidade de inadimplentes aumentou em 3,63%, comparado com o mesmo período do ano anterior. Apesar de ser mais baixa do que meses de junho (4,07%) e julho (4,31%), é o 11; crescimento consecutivo. Segundo a estimativa das duas instituições são aproximadamente 62,9 milhões de brasileiros com restrições no CPF, enfrentando dificuldades para controlar empréstimos, obter financiamento ou realizar compras parceladas.
De acordo com a pesquisa houve um aumento de 1,11% no número de dívidas de pessoas físicas. Só com instituições bancárias, por exemplo, que englobam débitos com cartão de crédito, cheque especial e empréstimos, a alta foi de 7,03%. O segundo setor mais impactado pela inadimplência foi o de serviços básicos, como água e luz, que cresceu 3,42$. Já os atrasos no crediário do comércio caíram -6,01%, enquanto as pendências com TV por assinatura, internet e telefonia se mantiveram estáveis, com avanço de 0,01%.
Na avaliação do presidente da CNDL, José César da Costa, apesar de o pequeno recuo nos últimos 30 dias, a inadimplência segue elevada e reflete as dificuldades econômicas do país. ;A recuperação mais lenta do que o esperado cria dificuldades para a gestão do orçamento das famílias, frustrando planos e a volta do consumo;, explicou. De acordo com ele, para reverter o quadro é preciso acelerar a atividade econômica, principalmente o emprego e a renda.
O indicador ainda revela que é entre a população mais velha os índices de inadimplência acentuados. Na comparação entre agosto de 2017 para agosto de 2018, a quantidade de dívidas entre pessoas de 65 e 84 anos aumentou em 9,56%. Já entre os brasileiros de 50 a 64 anos, a alta foi de 6,26%, enquanto na população de 40 a 49 anos, houve um aumento de 4,77% e na de 30 a 39 anos subiu 1,69% o número de negativados.
A inadimplência apresentou queda entre os mais jovens. Considerando os consumidores de 18 a 24 anos houve um recuo considerável de 23,20%, e entre os brasileiros de 25 a 29 anos a queda foi de 5,63%. Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, o comportamento distinto entre as faixas etárias é reflexo da entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho e também da permanência dos idosos como força produtiva do país. ;Fora do mercado de trabalho, os brasileiros ficam também ausentes do mercado de crédito. Já os idosos estão permanecendo trabalhando por mais tempo, e a renda curta e os custos com saúde podem desajustar o orçamento;, afirmou.