O mercado brasileiro de ações recuperou nesta quarta-feira, 12, parte das perdas da véspera e o Índice Bovespa fechou em alta de 0,63%, aos 75.124,81 pontos. Bastante sensível ao noticiário político, o mercado reagiu positivamente à pesquisa Ibope e ganhou fôlego com outros fatores, como a melhora do apetite por risco no exterior e a valorização dos preços do petróleo. Os negócios somaram R$ 10,4 bilhões, cerca de 30% acima da média de setembro.
A pesquisa Ibope, divulgada no início da noite de ontem, neutralizou em parte a percepção de que os candidatos de esquerda ganhavam maior espaço na eleição presidencial, como sinalizou o levantamento mais recente do Datafolha. Ainda assim, apenas parte da queda de 2,33% foi recomposta hoje. Segundo operadores, as mesmas instituições estrangeiras que se destacaram na venda ontem foram as que lideraram as compras hoje, num sinal claro de recomposição de posições, a partir de ações que estavam mais "amassadas".
Ao contrário do Datafolha, o levantamento do Ibope mostrou elevação das intenções de voto a Jair Bolsonaro (PSL) acima da margem de erro, além de queda de sua rejeição. Também mostrou crescimento menor dos candidatos da esquerda, como Ciro Gomes (PDT) e limitada transmissão de votos de Luiz Inácio Lula da Silva para Fernando Haddad (PT). Geraldo Alckmin (PSDB), candidato que tem a preferência do mercado, mostrou estagnação. Diante disso, parcela dos investidores passou a considerar Jair Bolsonaro como opção reformista, apostando no desempenho do economista Paulo Guedes.
"Está se formando aos poucos uma polarização e a tendência é o mercado continuar oscilando ao sabor das pesquisas, embora elas não estejam mostrando muita coisa. Os fundamentos estão relativamente comportados, como no caso da inflação, e o noticiário corporativo está praticamente parado. Assim, o foco segue na eleição", disse Ariovaldo Ferreira, gerente de renda variável da H.Commcor.
Pela manhã, o Ibovespa alternou sinais e chegou a cair 0,21%, sob influência da instabilidade das bolsas de Nova York. À tarde, renovou sucessivas máximas, até os 75.679,5 pontos (+1,37%), puxado pelas ações da Petrobras, alavancadas pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional. Lá fora, o petróleo reagiu à queda maior que a esperada dos estoques dos Estados Unidos e a temores dos reflexos do furacão Florence. Com isso, Petrobras ON e PN subiram 2,69% e 2,43%, respectivamente.
As ações da Vale subiram 1,64% e tiveram importante influência sobre o resultado final do Ibovespa, por representarem o maior peso individual na composição do indicador. O papel reagiu à alta do minério de ferro no mercado à vista chinês e à expectativa de ampliação das negociações entre Estados Unidos e China que evite um acirramento da guerra comercial entre os dois países.