A aversão ao risco ganhou fôlego no período da tarde e o Índice Bovespa fechou em baixa de 1,94%, aos 74.711,80 pontos, menor patamar desde 11 de julho (74.398 pontos). Cautelosos com o risco de contágio das crises em países emergentes, investidores estrangeiros comandaram as ordens de venda de ações, que não pouparam nem mesmo papéis considerados defensivos. O cenário eleitoral doméstico também foi fator de cautela, mas permaneceu como pano de fundo, dada a escassez de notícias. Apesar da queda significativa, o volume de negócios somou R$ 8,2 bilhões, montante pouco abaixo da média das últimas semanas, sinalizando que não houve grandes movimentações de saída de recursos.
"Foi um dia de poucas novidades, com os mercados emergentes bastante ruins, em meio à aversão ao risco generalizada. E o Ibovespa até que não destoou muito dos demais, levando em conta que estamos a pouco mais de um mês do primeiro turno da eleição", disse Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos.
A Argentina continuou no centro das atenções, em meio às negociações do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mesmo com os esforços do governo, o banco central argentino teve de promover novos leilões de dólares para tentar conter a queda do peso ante o dólar. Com a busca dos investidores pela segurança da moeda americana, as moedas de países emergentes foram penalizadas, assim como as bolsas desses países. Com o movimento acelerado à tarde, o Ibovespa chegou aos 74.605,49 pontos na mínima intraday (-2,08%).
Com o dólar resistindo no patamar acima dos R$ 4,15, as ações de empresas exportadoras continuaram como destaque de alta, assim como ocorreu na segunda-feira. Entre os papéis que fazem parte da carteira teórica do Ibovespa, as maiores altas foram de BRF ON (%2b3,09%), Suzano ON ( 2,75%) e Marfrig ON ( 2,32%).
O cenário eleitoral doméstico foi pouco movimentado, reservando como destaque a expectativa pela pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo, prevista para ser divulgada na noite desta terça-feira. É a primeira após o indeferimento da candidatura de Lula pelo TSE e o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Mais uma vez, o investidor buscará na pesquisa os movimentos de candidatos alinhados e não alinhados a uma agenda reformista. Enquanto isso, o PT se mostra disposto a alongar a batalha pela candidatura Lula, outro fator que incentiva a cautela do investidor.