O dólar recuperou nesta segunda-feira, 3, praticamente toda a queda de 2,15% ante o real ocorrida na última sexta-feira, diante de mais uma onda de pressão sobre divisas emergentes, sobretudo sobre o peso argentino, que perdeu 4,60% nesta sessão. Também pesa sobre o câmbio doméstico a cautela com o cenário eleitoral, com os investidores à espera das próximas pesquisas de intenção de voto para presidente. O feriado do Dia do Trabalho nos EUA reduziu bastante a liquidez nos mercados, o que reforçou a postura defensiva dos investidores.
O dólar manteve-se em alta durante todo o dia e, após bater máxima de 2,24% (R$ 4,1556) já na reta final do pregão, fechou com valorização de 2,12%, aos R$ 4,1506. O volume negociado foi de US$ 608,112 milhões.
"A crise na Argentina continua pressionando outras divisas emergentes, pelo temor de contágio", comenta Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Mesmo com o anúncio do pacote econômico e o apoio do FMI, se não fizer as reformas necessárias, a Argentina não vai receber dinheiro do Fundo", comentou.
O avanço do dólar ante a moeda da Argentina ocorreu mesmo após o anúncio de medidas do governo do país para enfrentar a crise financeira que se intensificou na semana passada. O presidente Maurício Macri anunciou um aperto ainda maior nas medidas de ajuste fiscal um dia antes do encontro entre o ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, e autoridades do FMI, em Washington.
O leilão de US$ 100 milhões pelo Banco Central da República Argentina (BCRA), realizado nesta tarde, também não conseguiu conter a escalada do dólar ante o peso argentino. O mercado tomou todo o montante, de acordo com um comunicado da instituição.
Além dos problemas econômicos na Argentina, a crise na Turquia também segue no radar, destacou Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora."Por aqui, o foco do mercado está nas próximas pesquisas sobre a corrida eleitoral, em especial com o desempenho dos candidatos de centro", afirmou Iha. Amanhã, será divulgada a pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo e, na quinta-feira, véspera de feriado no Brasil, a do Datafolha. Serão os primeiros levantamentos após o início do horário eleitoral no rádio e na TV.