A alta menor do dólar e a queda nos preços dos alimentos arrefeceram o ritmo de aumento dos produtos na porta de fábrica na passagem de junho para julho, apontou Manuel Campos Souza Neto, analista da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Preços ao Produtor (IPP) passou de avanço de 2,27% para elevação de 1,13% no período.
"O dólar teve alta de 1,46% em julho em relação ao real. Em junho, a valorização do dólar tinha sido de 3,77%. Ao mesmo tempo, os alimentos saem de um aumento de 3,35% em junho para uma queda de 0,29% em julho", apontou Souza Neto.
Apesar da desaceleração, o resultado ainda foi o mais elevado para meses de julho desde o início da série histórica da pesquisa, em dezembro de 2013. O câmbio e as cotações internacionais de alguns produtos ainda pressionaram os preços da indústria em julho, impedindo um arrefecimento maior da inflação do setor, explicou o analista do IBGE.
As quatro maiores altas foram registradas em outros produtos químicos (4,98%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (2,37%), indústrias extrativas (2,37%) e produtos de metal (1,89%).
O IPP acumulado de janeiro a julho, de 9,84%, foi o mais elevado da série histórica. A taxa acumulada em 12 meses também alcançou recorde, aos 15,89% em julho.
"A alta do dólar em relação ao real em um ano foi de 19,4%", lembrou Souza Neto. "A pressão do câmbio explica bastante a alta no IPP, mas tem todo o mercado internacional influenciando, como preços de óleo bruto de petróleo, óleo diesel", completou o pesquisador.
Nos 12 meses encerrados em julho, os preços das indústrias extrativas acumularam um crescimento de 65,79%, enquanto os do setor de derivados de petróleo aumentaram 42,41%, e os de outros produtos químicos, 29,32%.