Em julho de 2018, as transações correntes foram deficitárias em US$ 4,4 bilhões, após quatro meses de superavits, divulgou nesta segunda-feira (27/08) o Banco Central (BC). Esse deficit superou o registrado em julho de 2017m de US$ 3,4 bilhões, devido, principalmente, à redução do superavit comercial.
O pagamento de juros de títulos públicos negociados no mercado doméstico contribui para deficits em conta corrente nos meses de janeiro e julho. Esse pagamento totalizou US$ 2,5 bilhões em julho de 2018, comparado a US$ 2,9 bilhões em julho de 2017. O deficit corrente acumulado em 12 meses atingiu US$ 15 bilhões em julho, equivalente a 0,76% do Produto Interno Bruto (PIB).
O saldo comercial foi positivo em US$ 3,9 bilhões em julho de 2018, US$ 2 bilhões abaixo do superavit do mês correspondente de 2017. A queda no saldo comercial foi determinado pela expansão das importações de bens, 49,3%, em relação ao resultado de julho de 2017, impulsionado pelo registro de US$ 3,3 bilhões associados às importações de plataformas de petróleo no âmbito do Repetro. Na mesma base comparativa, o crescimento de 21,9% das exportações também foi influenciado por venda de plataforma de petrólel, US$ 1,3 bilhão, ao amparo do Repetro.
Nos sete primeiros meses deste ano, as exportações de bens expandiram 7,9% ante o mesmo período de 2017, atingindo US$ 136,2 bilhões, enquanto as importações de bens avançaram em ritmo superior, 23%, somando US$ 104,8 bilhões.
O deficit da conta de serviços atingiu US$ 3 bilhões no mês, mesmo patamar de julho de 2017.
Os investimentos diretos no país (IDP) somaram ingressos líquidos de US$ 3,9 bilhões em julho, acumulando US$ 64,2 bilhões nos últimos 12 meses. O resultado mensal foi ligeiramente inferior ao ocorrido em julho de 2017 (US$ 4,1 bilhões). O ingresso líquido de IDP acumulado em 12 meses atingiu 3,25% do PIB.
Impacto
Fernando Lemos, chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, destacou que o crescimento do deficit deveu-se impacto líquido de importação e exportação de plataformas de petróleo. "A expectativa de deficit em conta corrente em agosto é de US$ 800 milhões, também em função de operações deste tipo", afirmou.
Até 23 de agosto, a parcial US$ 8,6 bilhões e o esperado para o mês de agosto é US$ 9,5 bilhões em investimento direto, segundo Lemos. "O IDP segue financiando com larga margem de folga as transações correntes", explicou.
O técnico ressaltou que a conta de serviços não se alterou muito, mantendo o mesmo valor de julho de 2017 e de junho de 2018. "Reflexo de um aumento das despesas de transportes e redução nas despesas de viagens internacionais e aluguel de equipamentos. As viagens podem ter diminuído por conta da variação do dólar. O comportamento do câmbio afeta o gasto que se efetua no exterior, porque a conta é feita em moeda nacional", afirmou.
Parciais das viagens internacionais até 23 de agosto dão saldo US$ 713 milhões, com receita de US$ 359 milhões e despesa de US$ 1,1 bilhão. Houve redução do deficit: de US$ 5,5 bilhões este ano ante US$ 6,6 bilhões em julho do ano passado.
As receitas de juros cresceram 54,8%. "Não é uma evolução fora do esperado, por conta do aumento das taxas de juros internacionais. Os investimentos das reservas internacionais, que se mantêm próximo de US$ 380 bilhões, são remunerados na forma de juros", disse. Segundo Lemos, houve uma redução de 10% no pagamento de juros, em relação ao mesmo mês do ano passado.