São Paulo ; Produtos com menos açúcar, gordura e conservantes vêm ganhando espaço no cardápio à medida que a população envelhece e busca alimentos e bebidas mais saudáveis para manter a qualidade de vida. Com isso, mais empresas têm buscado oportunidades nos últimos anos para fazer parte desse movimento global e minimizar os impactos causados pelas perdas acumuladas nos últimos anos com a adesão crescente aos novos hábitos.
Quem chegou primeiro a esse mercado leva vantagem na corrida por produtos saudáveis. Uma dessas empresas é a rede de franquias Mundo Verde. Com 400 unidades espalhadas por 24 estados, além do Distrito Federal, a empresa vem buscando alternativas para minimizar os efeitos da crise e seguir em trajetória de expansão da marca. Fundada há 31 anos na Serra Fluminense, a empresa é apontada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) como a maior franquia do segmento na América Latina. Em 2017, faturou R$ 500 milhões. Para 2021, a projeção é chegar a uma receita de R$ 650 milhões, somando-se todos os canais de vendas.
Desde 2014, o negócio pertence à Sforza, fundo de private equity familiar encabeçado pelo empresário Carlos Wizard. Com a retração do consumo brasileiro, viu como alternativa o modelo de quiosques para seguir em expansão. Agora, a empresa prepara a entrada em dois novos canais de venda.
Maquininhas
A partir de setembro, os produtos da Mundo Verde começarão a ser vendidos em vending machines. O projeto começará pequeno, com os itens saudáveis compartilhando espaço com outras marcas ; serão apenas três nesta primeira fase. Segundo Daniela Heldt, executiva responsável pela operação da rede de lojas (COO), será uma fase de testes para só então partir para um projeto maior.
As primeiras máquinas com produtos da Mundo Verde estarão apenas em ambientes corporativos. Por enquanto não há detalhes sobre a expansão para outros pontos de alto fluxo de potenciais consumidores, como estações de ônibus, de metrô e escolas. A parceria, segundo Daniela, foi feita com uma empresa (o nome é mantido em segredo por uma questão estratégica) que atualmente conta com cerca de 6 mil vending machines em operação.
Pelo computador
O principal movimento estratégico da Mundo Verde será a entrada no comércio eletrônico. O projeto, que vem sendo rascunhado desde o ano passado, ainda não tem o mês definido para sair do papel. Daniela antecipa apenas que a plataforma será lançada ainda neste ano, ou seja, nos próximos quatro meses. Esse canal de venda tem revelado uma expansão consistente no Brasil nos últimos anos e, por isso, vem atraindo novos competidores. Em 2017, o e-commerce brasileiro cresceu 12%. Para 2018, a previsão é aumento de 15% nas vendas.
Para não atrapalhar os negócios dos franqueados, no que é conhecido como canibalização entre canais de venda, eles serão responsáveis pelo faturamento e entrega dos pedidos, segundo a localização geográfica. Será, de acordo com a executiva, o maior e-commerce de produtos saudáveis do país. Por enquanto a executiva prefere não antecipar os detalhes do projeto, como investimento e previsão de vendas, mas Daniela garante que a operação será grande e terá impacto nos concorrentes.
Ao mesmo tempo, a empresa segue com seu processo de expansão de lojas e de quiosques. Ao todo, a executiva espera abrir mais 24 unidades até o fim do ano. Daniela aponta algumas regiões estratégicas, que oferecem mais oportunidades de crescimento. É o caso de algumas cidades de Minas Gerais, incluindo a capital, e em parte do Centro-Oeste, menos afetado pela baixa atividade econômica por conta do agronegócio. No caso dos quiosques, o investimento vai até R$ 120 mil. Já as lojas exigem pelo menos R$ 350 mil de capital para quem quer fazer parte do quadro de franqueados.
Internacionalização
No processo de expansão, Daniela não cogita a volta da operação internacional da marca. A Mundo Verde já teve lojas em Portugal e em Angola, mas acabou desistindo pela dificuldade em encontrar fornecedores. ;Esse é um modelo que pode voltar. Mas sempre vai depender de parceiros locais que consigam garantir o abastecimento das lojas;, pontua a executiva.
Desenvolver fornecedores não é uma tarefa fácil no Brasil. Hoje, a Mundo Verde tem cerca de 30 mil itens (com uma média de 5 mil por loja) e conta com pelo menos 1,2 mil fornecedores, a maioria de micro e pequeno porte, para abastecer suas lojas.
Graças ao tamanho da rede de franquias, a empresa consegue não apenas trazer para seus pontos de venda as tendências de consumo monitoradas por meio de pesquisas encomendadas e mapeadas em redes sociais, particularmente entre os influenciadores digitais, como também desbravar novos hábitos de consumo.
A partir dessas pesquisas, surgiram nos últimos anos duas linhas com marca própria, a Elixir, de suplementos alimentares encapsulados e solúveis, e a Seleção, de snacks, barrinhas e itens para café da manhã, além de novidades como os congelados e refrigerados naturais. Essas linhas vêm sendo reforçadas com mais produtos, o que também faz parte do projeto de fortalecimento da marca.
Além de lojas especializadas em produtos saudáveis, o Brasil tem visto nos últimos anos o crescimento de outros canais de venda, como farmácias e supermercados, que têm dedicado áreas exclusivas cada vez maiores para esse segmento.
Em parte, isso tem sido possível por causa do aumento da oferta e da distribuição de produtos ligados ao bem-estar. O empurrão tem vindo de algumas das maiores multinacionais dos segmentos de alimentação e bebidas, que tem feito aquisições nesse setor para não ficar de fora de um mercado impulsionado por uma tendência que não deve ter volta, a da procura por itens que agreguem algum tipo de benefício à saúde dos consumidores.
Foi atrás desse consumidor que a Ambev comprou a marca de sucos Do Bem e a Coca-Cola ficou com o controle da Verde Campo, do setor de laticínios. Outro negócio ruidoso foi a aquisição da Mãe Terra pela Unilever. A multinacional também vem fazendo ajustes no atual portfólio. Foi o que aconteceu com a centenária marca Maisena, de amido de milho, que neste ano lançou a linha de biscoitos integrais Grãos do Bem.
Dados da consultoria Euromonitor projetam que esse mercado brasileiro de alimentos e bebidas saudáveis deverá movimentar algo como R$ 105,6 bilhões em 2021.
As aquisições não têm acontecido apenas no Brasil. A Unilever acrescentou ao seu portfólio a fabricante de chás orgânicos Pukka Herbs, da Inglaterra. No ramo de beleza, esse interesse também tem aumentado. No início do mês, a multinacional francesa L;Oréal anunciou que pretende comprar a Logocos Naturkosmetik, da Alemanha, especializada em cosméticos veganos. Em junho, a própria Unilever passou a deter 75% do capital da italiana Equilibra, produtora de itens voltados a cuidados pessoais e suplementos alimentares naturais.
Interesse
Além de lojas especializadas em produtos saudáveis, o Brasil tem visto nos últimos anos o crescimento de outros canais de venda, como farmácias e supermercados, que têm dedicado áreas exclusivas cada vez maiores para esse segmento.
Em parte, isso tem sido possível por causa do aumento da oferta e da distribuição de produtos ligados ao bem-estar. O empurrão tem vindo de algumas das maiores multinacionais dos segmentos de alimentação e bebidas, que tem feito aquisições nesse setor para não ficar de fora de um mercado impulsionado por uma tendência que não deve ter volta, a da procura por itens que agreguem algum tipo de benefício à saúde dos consumidores.
Foi atrás desse consumidor que a Ambev comprou a marca de sucos Do Bem e a Coca-Cola ficou com o controle da Verde Campo, do setor de laticínios. Outro negócio ruidoso foi a aquisição da Mãe Terra pela Unilever. A multinacional também vem fazendo ajustes no atual portfólio. Foi o que aconteceu com a centenária marca Maisena, de amido de milho, que neste ano lançou a linha de biscoitos integrais Grãos do Bem.
Dados da consultoria Euromonitor projetam que esse mercado brasileiro de alimentos e bebidas saudáveis deverá movimentar algo como R$ 105,6 bilhões em 2021.
As aquisições não têm acontecido apenas no Brasil. A Unilever acrescentou ao seu portfólio a fabricante de chás orgânicos Pukka Herbs, da Inglaterra. No ramo de beleza, esse interesse também tem aumentado. No início do mês, a multinacional francesa L;Oréal anunciou que pretende comprar a Logocos Naturkosmetik, da Alemanha, especializada em cosméticos veganos. Em junho, a própria Unilever passou a deter 75% do capital da italiana Equilibra, produtora de itens voltados a cuidados pessoais e suplementos alimentares naturais.