Decisão proferida pela 1; Vara da Justiça Federal no Ceará deferiu pedido da União, autorizando a adoção de providências necessárias e suficientes para a imediata reintegração de posse das quatro rodovias federais interditadas (BRs 020, 116, 222 e 340) e determinando medidas contra quaisquer dos ocupantes no sentido de não turbar, esbulhar ou interditar outros trechos ainda não obstruídos.
Ao acolher o pleito liminar, o juiz federal Luís Praxedes Vieira da Silva ponderou que a necessidade de assegurar o pleno exercício de liberdades constitucionais vinculadas à cidadania não pode desconsiderar outros direitos assegurados na Constituição Federal, sobretudo quando presente risco de tumulto e de violação de demais bens jurídicos igualmente protegidos. A sentença prevê multa de R$ 10 mil por pessoa participante da desordem.
Os caminhoneiros ameaçavam ato às 15 horas desta sexta-feira, 25, para fechar até para carros pequenos os 15 bloqueios que fazem no Ceará. Agora pela manhã os bloqueios para caminhões aconteciam em oito pontos da BR 116 (KM 15 Eusébio; KM 18, Eusébio; KM 70, Chorozinho; KM 168, Russas; KM 215, Tabuleiro do Norte; KM 250, Alto Santo; KM 500, Brejo Santo; e KM 545, Penaforte); três da BR 222 (KM 5, Caucaia; KM 249, Sobral; e KM 334, Tianguá); três da BR 020 (KM 84, Tauá; 308, Canindé; e KM 419, Maracanaú); e um da BR 304 (KM 47, Aracati).
Já no Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, no Recife, entre a noite de quinta e a manhã de sexta, 18 voos foram cancelados por falta de combustível para o reabastecimento das aeronaves. Desse total, 12 voos da Azul Linhas Aéreas foram cancelados na quinta e outros seis na sexta.
O desabastecimento de combustível também provocou a suspensão da produção no Polo Automotivo da Jeep, localizado no município de Goiana, na Mata Norte pernambucana. A unidade produz os modelos Renegade, Toro e Compass. Através de nota oficial, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) informou que a suspensão da produção ocorreu "devido à irregularidade dos fluxos logísticos decorrentes do bloqueio de parte da malha rodoviária local" e que "permanece avaliando a evolução da situação".
Na Região Metropolitana do Recife, pelo terceiro dia seguido, os quase 1,8 milhão de passageiros que utilizam os coletivos enfrentaram muitos problemas. No início da operação, às 4h da manhã, a redução na circulação dos ônibus atingiu 50% da frota.
Depois das 8 horas, essa diminuição chegou a 80%. O tempo médio de espera, segundo dados do Grande Recife Consórcio de Transporte, chegou a duas horas e meia fora do pico e uma hora e meia no pico. Por causa das dificuldades de circulação, o expediente em universidades (públicas e particulares), escolas, repartições públicas em geral e até no comércio tem sido reduzido.
De acordo com informações da Federação do Comércio em Pernambuco, queda na movimentação no comércio na área central do Recife é de 60% nos últimos dois dias. Nas ruas, muitas lojas com as portas fechadas e nas que conseguiram abrir, poucos clientes.
Nos supermercados, a movimentação era maior e em muitas unidades a limitação da compra do número de produtos, por clientes, gerou apreensão. "Eu vim ontem para comprar alimentos e voltei hoje para buscar mais porque só pude levar a metade do que pretendia. Estou muito preocupada", disse a aposentada Janise Duarte, 63.