Jornal Correio Braziliense

Economia

Caminhoneiros prometem novos protestos contra aumento nos combustíveis

Os caminhoneiros reivindicam a zeragem da alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide)


Em protesto contra uma sequência de reajustes no preço do diesel, caminhoneiros interditaram vias em diversos pontos do país ao longo de toda a segunda-feira. A categoria pede que o governo reduza a carga de impostos aplicada sobre os combustíveis. Enquanto os profissionais ocupavam as ruas, a Petrobras anunciou um novo aumento, de 0,97% nas refinarias. É o sexto dia útil de mudanças nos valores desde a semana passada, quando ocorreram altas em cinco dias seguidos.

Os protestos ocorreram em 20 unidades da Federação, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), e foram convocados pelas redes sociais e por associações que representam os trabalhadores em todo o país. Os caminhoneiros reivindicam a zeragem da alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). De acordo com os caminhoneiros, o diesel representa 42% dos custos relacionados à atividade. De acordo com dados informados pela Petrobras, nos últimos 12 meses, o diesel subiu 15,9% na bomba. O aumento é resultado da nova política de preços da estatal, que repassa para os combustíveis a variação da cotação do petróleo

no mercado internacional, para cima ou para baixo.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, os reajustes constantes do diesel nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o combustível tornaram a situação insustentável. ;Mesmo com a mobilização marcada, o governo anunciou outro aumento. Há correção quase diária, que dificulta a previsão de custos por parte do transportador.; Segundo ele, os protestos são pacíficos. ;Não apoiamos barricadas, nem depredação de patrimônio público.;

Apenas em rodovias federais, a PRF contabilizou 124 pontos com manifestações. Para a Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA), houve 127 bloqueios totais ou parciais, incluindo rodovias estaduais de São Paulo e Santa Catarina. A previsão é que o protesto continue nesta terça-feira. No Distrito Federal, motoristas de caminhões guincho seguiram até a Esplanada. Sem autorização para estacionar os veículos no local, eles circularam com faixas e fizeram um buzinaço para pedir o apoio da população. A caminhoneira Elizabeth Maria Martins, de 45 anos, moradora do DF, conta que por conta dos reajustes, teve que elevar o preço do serviço que presta e perdeu clientes. ;Nosso trabalho está sendo inviabilizado. Cada vez que o combustível aumenta, temos que repassar isso ao nosso cliente. Eles reclamam do preço, e com razão, ninguém tem que aceitar esse valor abusivo;, afirma.

Em Goiás, vias federais que cortam o estado, como a BRs 020 e 040, no Entorno, foram parcialmente interditadas. No Rio de Janeiro, caminhoneiros protestaram na região metropolitana e na Baixada Fluminense. No Espírito Santo, a BR-101, a mais movimentada do estado, ficou totalmente interditada por cerca de uma hora. A via foi liberada após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) negociar com os manifestantes e convencê-los a posicionarem os veículos em apenas uma faixa.

Horas após o movimento ter começado, o presidente da República, Michel Temer, convocou uma reunião de emergência para discutir os constantes reajustes no preço dos combustíveis.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), também resolveram atuar no assunto e convocaram a criação de comissão geral para acompanhar a política de reajustes praticada pela Petrobras. A instalação da comissão deve ocorrer amanhã. Maia disse, por meio das redes sociais, que não está sendo avaliado o congelamento de preços. ;São ideias de políticas compensatórias para enfrentar o momento atual. E estão distantes do congelamento de preços que vimos no passado;, afirmou.

Preocupação com a soja


O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, disse que a paralisação dos caminhoneiros é ;preocupante; por causa da necessidade de escoamento da safra 2018/19 de soja antes da chegada do milho, mas o efeito das elevações do diesel sobre o frete também desperta temores para os produtores. ;A paralisação é preocupante, sem sombra de dúvida. Tem bastante soja para ser retirada;, disse. ;Mas o aumento sucessivo de fretes está saindo do valor do produto. Caminhoneiro não consegue se adaptar à mudança de preço diária do diesel.;