Jornal Correio Braziliense

Economia

Índice do BC que mede desempenho de atividade recua 0,74% em março

Índice calculado pelo Banco Central para medir o desempenho da atividade recua 0,74% em março e 0,13% no primeiro trimestre. Resultado pode indicar estagnação do PIB no início do ano e leva analistas a reduzir projeções de crescimento para 2018

O Produto Interno Bruto (PIB) corre o risco de ficar no zero a zero no primeiro trimestre do ano. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do resultado, registrou queda de 0,13% no período, impulsionado por retração de 0,74% somente em março. O mercado está cada vez mais receoso quanto ao índice oficial, que será divulgado no final deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As expectativas são de leve alta entre 0,1% e 0,5%, frente ao 4; trimestre de 2017.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, afirmou que os indicadores fracos da indústria e do setor de serviços no período desanimaram o mercado, que apostava numa melhora mais robusta da atividade econômica. Segundo ele, o único índice que ;andava; era o comércio, ;mas, mesmo assim, não foi tão expressivo.;

Com uma projeção mais pessimista, Rosa prevê que a economia brasileira fique quase estável de janeiro a março, com leve alta de 0,1%, frente ao 4; trimestre de 2017. ;A retomada esbarra no elevado endividamento das empresas, que estão mais preocupadas em usar os lucros para abater dívidas. Ou seja, não há investimentos. Isso também vale para o setor público, que apresenta grande deficit fiscal, limitando a contribuição ao crescimento;, afirmou.

Nesse cenário, as projeções para o PIB de todo o ano, que já chegaram perto de 4% por algumas casas de análises, estão diminuindo. As expectativas se ajustam para perto de 2%. O economista-chefe da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini, alegou que o PIB do primeiro trimestre é o mais importante, porque dá uma prévia de como deve ser o desempenho da economia nos meses seguintes.

Buccini trabalha com um avanço de 0,4% no primeiro trimestre. ;Esse desempenho pior vai se aliar, nos próximos meses, às incertezas quanto ao cenário eleitoral, o que pode prejudicar o desempenho do PIB;, ressaltou. ;Sabemos que o acesso do crédito às famílias está melhor, mas a economia como um todo ainda sofre com uma retomada lenta do emprego, limitando o consumo.;

Estresse


O cenário externo desfavorável é outro problema. Em nota divulgada para explicar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 6,5% ao ano, o Banco Central (BC) ressaltou que as condições internacionais tornaram-se mais desafiadoras e apresentam volatilidade.

O economista Sílvio Campos Neto, analista da Tendência Consultoria, destacou a alta do dólar, que teve ontem o quarto dia consecutivo de alta diante do real, atingindo R$ 3,68. ;O cenário de retomada existe, e a queda de juros já produzia efeitos na economia, mas vemos um movimento forte do câmbio, que pode atrapalhar os próximos trimestres;, ressaltou. ;O crescimento de 3% do PIB esperado até agora pelo governo será bem mais difícil. Isso ficou mais evidente com os indicadores divulgados no começo do ano;, completou.

Os dados do IBC-Br são levados em conta pelo Copom para analisar o desempenho da economia e definir a taxa Selic. Como o mercado está muito estressado, o BC está tentando acalmar os ânimos para que a alta da moeda americana não tenha muito impacto na inflação e não restrinja o crescimento, que já está lento.