O crescimento exponencial do comércio global online aumenta os desafios de logística de armazenamento e distribuição de mercadorias, e coloca em xeque os serviços de entrega, como os Correios, que precisam inovar para atender o aumento da demanda. O presidente do Comitê Consultivo da União Postal Universal (UPU), Walter Trezek, explicou que a Internet das Coisas também está transformando as estruturas de custos e modelos de negócios de entrega comercial. Até mesmo o famoso Código de Endereçamento Postal (CEP) pode ser alterado.
Palestrante da conferência internacional %2bLogística Inovação, Trezek vai falar, nesta quinta-feira (10/5), no Centro Cultural Brasil 21, em Brasília, sobre como a Internet das Coisas leva a uma "Internet de Pacotes". "Vou dar uma visão geral sobre as mudanças atuais e os próximos desenvolvimentos com foco claro em como a digitalização muda a forma como a entrega postal e por correio, expresso e de encomendas opera", antecipou o especialista ao Correio.
O que o mundo vivencia atualmente é uma internet das encomendas, destacou Trezek, e novas ferramentas se fazem cada vez mais necessárias. "Identificadores exclusivos em cada item permitem a recuperação de dados eletrônicos avançados para questões alfandegárias, tributárias e de segurança do transporte", disse. "Num futuro muito próximo, será possível utilizar um endereçamento dinâmico, e não apenas o endereço residencial, para que o item comercial nos siga online e tenhamos como seguir a encomenda", afirmou.
Para que isso se concretize, no entanto, o desafio atual é transformar a infraestrutura postal, de processos analógicos, antigos, em papel e baseados em documentos, para processos totalmente digitais. Segundo Trezek, já existem organizações internacionais trabalhando para desenvolver a rede postal mundial e garantir a segurança na troca e transporte de dados. "A UPCO (uma organização especial das Nações Unidas) e a Organização Mundial de Aduanas (WCO) são dedicadas a isso. É preciso garantir que os padrões, as estruturas legais e regulatórias necessárias estejam em vigor", esclareceu.
Trezek defende que qualquer item que contenha mercadorias precisa de um identificador único ao cruzar fronteiras, para que as autoridades possam rastreá-los. ;Num futuro próximo, isso levará a uma situação na qual sempre os dados devem ser enviados antes de qualquer passagem de fronteira, para que as autoridades possam verificar quando os impostos e taxas alfandegárias foram pagos e garantir a segurança de transporte;, disse.
Tanto quem envia quanto quem recebe as mercadorias serão beneficiados por dados avançados eletrônicos, conforme o especialista. ;A proteção do cliente, a segurança de dados e o tratamento de devoluções funcionarão em um nível muito diferente;, assegurou.
Para o presidente do comitê da UPU, se as grandes corporações que hoje dominam o mercado de entrega, como operadores de serviços postais, não se adaptarem à economia digital ela os substituirá. ;Não há alternativa;, sentenciou. Com relação ao CEP brasileiro, Trezek disse estar ciente da iniciativa dos Correios de digitalizar e melhorar ainda mais o código postal. ;O objetivo é adicionar um código de barras para melhor ordenação;, explicou. Ele ressaltou, no entanto, que o Padrão Internacional, que inclui o modelo de CEP brasileiro, ainda está de pé.