O Banco Central da Argentina decidiu na última sexta-feira (4) elevar a taxa de juros para 40% ao ano. Foi o terceiro aumento em pouco mais de uma semana. A medida foi tomada pelo governo de Mauricio Macri para tentar conter a desvalorização da moeda, o peso argentino, frente ao dólar e evitar a fuga de capitais.
O governo também decidiu reduzir a meta de déficit fiscal para 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Anteriormente, o percentual era de 3,2%.
Nos últimos dias, a forte desvalorização do peso argentino em relação ao dólar gerou uma grande incerteza na população argentina, tradicionalmente muito dependente da moeda americana, segundo informações da Agência EFE.
Na quinta-feira (3), o peso caiu 8,62% frente ao dólar, o que levou o Banco Central a subir, logo após os mercados abrirem, a taxa de juros, que voltou a aumentar na manhã da sexta-feira pela terceira vez em uma semana, chegando a 40%.
A Argentina tem sentido os efeitos da valorização do dólar no mercado internacional. O governo de Macri atribui as variações cambiais à queda das moedas dos mercados emergentes principalmente pela alta da taxa de juros nos Estados Unidos. Outro motivo é a situação de "incerteza doméstica" por causa da eventual pressão fiscal que viria do projeto, liderado pela oposição no Congresso, para frear a política de reajustes nas tarifas dos serviços públicos, como eletricidade, água e gás controladas pelo Executivo.
Com o enfraquecimento do peso argentino, a agência de classificação de risco Moody;s afirmou que esse cenário aponta para "maior percepção de risco para seus ativos e um acontecimento negativo" para o país, que depende dos fluxos de capital externo para financiar seu déficit, conforme a EFE.
Em comunicado assinado pelo analista sênior da Moody;s para a Argentina, Gabriel Torres, a agência elogiou as medidas anunciadas nesta sexta-feira pelo governo de Mauricio Macri. No entanto, a Moody;s prevê que essas medidas "ajudarão a reduzir a volatilidade cambial".
"Isto constitui um acontecimento negativo em termos de crédito para a Argentina, que depende de fluxos de capital externos para financiar o déficit fiscal e o de conta corrente", concluiu Torres.
O Banco Central argentino informou ainda que seguirá utilizando todas as ferramentas para atingir a meta de 15% de inflação no ano.